Pesquisa EXAME/IDEIA: na pergunta espontânea, o ex-presidente Lula recebe 34% das intenções de voto, enquanto que o presidente Jair Bolsonaro soma 20% das menções (Manuel Cortina/SOPA Images/Flickr)
Fabiane Stefano
Publicado em 13 de janeiro de 2022 às 20h14.
Última atualização em 14 de janeiro de 2022 às 08h22.
Se as eleições presidenciais fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberia 41% dos votos no primeiro turno, seguido pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL), com 24%, e pelo ex-juiz Sergio Moro (Podemos), com 11%. Já o ex-governador Ciro Gomes (PDT) teria 7% dos votos e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), receberia 4%.
Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 9 e 13 de janeiro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-03460/2022.
Na pergunta espontânea, na qual não são oferecidos nomes de candidatos aos entrevistados, o ex-presidente tem 34% das intenções de voto. Houve um avanço de seis pontos percentuais de Lula em relação ao levantamento de dezembro, quando recebeu 28% das menções espontâneas. O presidente Jair Bolsonaro tem 20% das indicações na pesquisa espontânea, mesmo percentual registrado em dezembro.
Para Maurício Moura, fundador do IDEIA, a ascensão positiva de intenção de voto espontânea do ex-presidente Lula é um dos dados mais relevantes da atual rodada da pesquisa.
“A pergunta espontânea dá a exata noção do engajamento do eleitor com o candidato, porque na pesquisa espontânea não é oferecida nenhuma alternativa para os entrevistados. A intenção de voto espontânea de Lula tem evoluído em regiões como Centro-Oeste, tem se fortalecido no Sudeste e até mesmo há saldos positivos em subsegmentos tradicionalmente aliados a Bolsonaro, como o dos evangélicos”, diz Moura.
No caso dos evangélicos, por exemplo, 27% declaram espontâneamente votar em Bolsonaro e 20%, em Lula. No entanto, na rodada da pesquisa EXAME/IDEIA de dezembro, a distância entre os dois era bem maior: 30% das intenções de votos espontâneas dos evangélicos eram direcionadas para o atual presidente, enquanto que apenas 14% eram destinadas ao ex-presidente Lula.
Segundo Moura, o desempenho de Bolsonaro, com 20% do total das intenções espontâneas, dialoga com a baixa avaliação do presidente e seu governo. “Não chega a um quarto do eleitorado o número dos que avaliam o governo como bom ou ótimo. Ao mesmo tempo, mais de 50% dos eleitores seguem avaliando o governo negativamente.
A pesquisa EXAME/IDEIA testou possíveis cenários de segundo turno considerando os candidatos com a maior intenção de votos no primeiro turno, Lula e Bolsonaro. Com o petista, foram considerados quatro cenários: além da disputa com o atual presidente, os nomes de Moro, Doria e Ciro foram submetidos a um confronto com Lula. Em todas as simulações, o ex-presidente venceria.
Com Bolsonaro, EXAME/IDEIA simulou a votação em três cenários, além do segundo turno com Lula. Ciro Gomes venceria Bolsonaro com 40% dos votos contra 34%. Numa disputa com Moro, o ex-juiz receberia 38% dos votos contra 32% do atual presidente. Bolsonaro apenas venceria as eleições se enfrentasse João Doria no segundo turno: 34% contra 28%.
Moura chama a atenção para o desempenho da terceria via, diante da polarização da corrida eleitoral entre Lula e Bolsonaro. “Ainda é muito embrionária a participação ou a relevância da terceira via nesse contexto. Não chega a dois dígitos a somatória de intenção de voto espontânea de Sergio Moro, Ciro Gomes e João Doria, os três principais candidatos postos pela terceira via.”