Presidente Jair Bolsonaro. (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 23 de abril de 2021 às 07h01.
Última atualização em 23 de abril de 2021 às 11h09.
A avaliação do governo de Jair Bolsonaro chegou ao pior patamar desde que ele assumiu a presidência, em janeiro de 2019. Do total de entrevistados, 54% desaprovam a maneira como o presidente trabalha. O número é igual ao que foi registrado em junho de 2020, no auge da primeira onda de covid-19 no país. Outros 25% aprovam a gestão dele, e 20% nem aprovam ou desaprovam.
Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest Pro, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 19 a 22 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ter acesso ao relatório completo.
A desaprovação é maior na parcela de pessoas com idade entre 30 e 39 anos (57%), e em entre os moradores das regiões Norte (60%) e Sudeste (58%). Os números mais favoráveis ao presidente continuam predominantemente na região Norte (51% de aprovação), e entre os evangélicos (44%), sua maior fortaleza.
“A avaliação ruim é consequência de três fatores. O primeiro é a sensação de que a o ritmo de vacinação ainda não decolou. Em segundo, a gente teve semanas com recordes em relação ao número de mortos em decorrência da covid-19, e isso atrapalha a avaliação presidencial. Por último, a população não percebeu até agora um efeito positivo da nova rodada do auxílio emergencial”, avalia Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto de pesquisa.
Analisando os dados por classe econômica, a rejeição ao governo do presidente é maior entre os mais pobres. Para aqueles que pertencem às classes D e E, 55% não concordam com a maneira como Bolsonaro trabalha. É justamente esta parcela a mais impactada pelo auxílio emergencial. Na semana passada, começou a liberação de uma nova rodada, que é menos da metade do valor pago em 2020.
O ritmo da vacinação contra o coronavírus também é outro ponto que puxa a avaliação de Bolsonaro para baixo. Na quarta-feira, 21, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, revisou as projeções de imunizar o grupo prioritário, composto por 77 milhões de pessoas. No plano inicial, a meta era concluir a aplicação em maio, e agora passou para setembro.
Segundo o levantamento feito pelo consórcio de imprensa, 27.945.152 pessoas já receberam pelo menos a primeira dose da vacina contra a covid-19 até a quinta-feira, 22. Este valor é a soma dos 26 estados mais o Distrito Federal e equivale a 13,20% da população brasileira.
Outro fato negativo na avaliação de Bolsonaro é a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada no Senado para apurar possível omissão do governo federal que tenha agravado o quadro da pandemia de covid-19 no país.
O recorde na desaprovação também reflete nas pessoas que acham que Bolsonaro deveria ser reeleito. Entre os entrevistados, 50% consideram que ele não merece continuar como presidente do Brasil, ante 39% que dariam a ele mais quatro anos no comando do país. A mesma pergunta foi feita sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e 52% não querem vê-lo novamente no Palácio do Planalto, contra 41% que gostariam que ele governasse o país pela terceira vez.
Em sondagem também feita por EXAME/IDEIA, o petista venceria Jair Bolsonaro em um eventual segundo turno, caso as eleições fossem realizadas hoje. Lula aparece com 40% das intenções de voto, e o atual presidente com 38%. Apesar de estar dentro da margem de erro, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos, é a primeira vez que Lula aparece vencendo a disputa pela cadeira presidencial.
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