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EXAME/IDEIA: Bolsonaro perde apoio entre evangélicos, sua base mais fiel

A avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro está no pior momento desde que assumiu o Palácio do Planalto, em janeiro de 2019

Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Alvorada. (Andressa Anholete / Correspondente/Getty Images)

Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Alvorada. (Andressa Anholete / Correspondente/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 23 de maio de 2021 às 08h00.

A desaprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro está no pior momento desde que assumiu o mandato, em janeiro de 2019. Os brasileiros que consideram a gestão como ruim ou péssima somam 50%. Esse patamar tem se mantido há dois meses, oscilando apenas dentro da margem de erro, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Aqueles que avaliam o governo como ótimo ou bom são 24%, e os que consideram regular, 22%.

A avaliação positiva caiu mesmo no grupo que é considerado a “fortaleza” do presidente: os evangélicos. Em janeiro deste ano, entre os que se declaravam seguidores da religião, 45% avaliavam a gestão de Bolsonaro como boa ou ótima . Já em maio, o percentual caiu para 38%. Entre os evangélicos, os que consideram o governo ruim ou péssimo somam 31%, percentual bem abaixo do verificado na população em geral.

Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.243 pessoas entre os dias 17 e 20 de maio. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. Confira a pesquisa completa.

(Arte/Exame)

Insatisfações

A principal insatisfação da população, incluindo a comunidade evangélica, é a morosidade no processo de vacinação contra a covid-19. O Brasil ainda está na fase de imunização do grupo prioritário, composto por 77 milhões de pessoas. Estimativas do próprio Ministério da Saúde apontam que esta etapa será concluída apenas em setembro, e a imunização de toda a população deve avançar para 2022.

Outro ponto de perda de apoio é a situação grave, com altas taxas de mortes, da pandemia de coronavírus, como explica o pastor Ariovaldo Ramos, um dos fundadores da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

“Uma questão que talvez tenha escapado a alguns é que dentro da população evangélica há um grande número de vítimas da covid-19. Quando Bolsonaro começou a dizer que era uma gripezinha, que o número de vítimas seria irrisório, essa prática fez muitos evangélicos apoiarem o negacionismo”, diz o pastor que representa o movimento que surgiu em 2016 e está espalhado por todo o Brasil.

E não só entre os evangélicos diminuiu o apoio ao presidente Bolsonaro. Entre os católicos, a aprovação passou de 27%, em janeiro, para 19% na pesquisa EXAME/IDEIA de maio. No começo deste ano, um grupo que reúne mais de 300 líderes religiosos cristãos protocolou um pedido de impeachment do presidente. Na lista estavam padres católicos, anglicanos, luteranos, metodistas e também pastores. 

(Arte/Exame)

Bolsonaro contra suspensão de cultos

O presidente Bolsonaro sempre se colocou contrário às medidas adotadas por governadores e prefeitos de restringir atividades religiosas presenciais, para evitar aglomerações e a disseminação do vírus. A Advocacia-Geral da União chegou a pedir no Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão dos decretos locais, sob o argumento de perseguição religiosa.

A corte analisou poucos dias depois uma outra ação de mesmo tema, mas promovida pelo PSD e pelo Conselho Nacional de Pastores do Brasil. A maioria dos ministros entendeu que cabe aos governadores e prefeitos a escolha sobre a proibição de missas e cultos durante a pandemia de covid-19.

O pastor Ariovaldo Ramos ainda destaca que chegou a conversar com outros amigos pastores que mantiveram cultos presenciais e que, em pouco tempo, muitos membros dessas comunidades começaram a contrair o coronavírus. “Foi aí que eles começaram a se dar conta que foram enganados pelo governo, com um discurso que na prática não se sustentava”, afirma.


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