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Ex-superintendente da PF diz que apuração do caso Adélio foi imparcial

Ex-superintendente da PF em Minas Gerais disse que bolsonaristas queriam que a investigação indicasse que Adélio foi financiado por partidos políticos

Jair Bolsonaro; coronavírus (Adriano Machado/File Photo/Reuters)

Jair Bolsonaro; coronavírus (Adriano Machado/File Photo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de abril de 2020 às 13h08.

O delegado Rodrigo Teixeira, ex-superintendente da Polícia Federal (PF) em Minas Gerais, defende o trabalho da corporação na investigação do atentado ao então candidato à Presidência Jair Bolsonaro em setembro de 2018. "O que eu posso dizer da Polícia Federal (...) é que foi feito um trabalho com toda dedicação, toda imparcialidade, cumprindo todas as formalidades legais", disse Teixeira ao jornal O Estado de S. Paulo.

O delegado avalia que foi exonerado do cargo, em fevereiro do ano passado, por contrariar o desejo de Bolsonaro e de seus filhos na condução da investigação sobre a tentativa de assassinato. Ele acredita que o clã Bolsonaro demonstrava interesse de que a apuração chegasse à conclusão de que o autor da facada, Adélio Bispo de Oliveira, tinha sido financiado por partidos políticos ou uma organização criminosa.

"Desde o primeiro dia que foi instaurado o inquérito foi dada a oportunidade para familiares da vítima (Jair Bolsonaro) para que pudesse acompanhar o procedimento da investigação. Os filhos do Bolsonaro nunca me procuraram e preferiam ficar atacando eu e minha equipe em rede social."

Por serem parte na investigação do atentado à faca, Bolsonaro e sua família tiveram acesso ao inquérito da PF.

O presidente voltou a cobrar um novo rumo nas investigações na semana passada, após demitir Maurício Valeixo da direção-geral da PF. Na noite de anteontem, durante entrevista na entrada do Palácio do Alvorada, o presidente reiterou a crença de que há um mandante por trás da tentativa de homicídio da qual foi vítima. Disse que o caso "foi negligenciado" e a apuração seria "reaberta" com o novo comando da PF.

A investigação concluiu que Adélio agiu sozinho. Um segundo inquérito foi instaurado para apurar eventual participação de terceiros no atentado. A 3ª Vara da Justiça Federal em Juiz de Fora já considerou Adélio inimputável por sofrer de distúrbios mentais.

Relatório

O Estado apurou que nos próximos dias - após encerrado o prazo de conclusão do segundo inquérito aberto para apurar o atentado - um relatório parcial deverá ser divulgado. Nele serão apresentados os resultados de todas as diligências feitas (interrogatórios, oitivas de testemunhas, exames periciais, levantamentos de campo, quebras de sigilo fiscal, telefônico, bancário e de e-mails e dados de redes sociais), além da análise das postagens em redes sociais com teses sobre a participação de eventuais mandantes e apoiadores. A PF "desconstruiu minuciosamente" as teses levantadas com provas técnicas, diz uma fonte. As conclusões reforçam o caráter solitário do atentado, não indicando participação de outras pessoas.

Procurado, o Palácio do Planalto afirmou não iria se manifestar. A reportagem tentou contato, por telefone e e-mail, com os gabinetes do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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