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Ex-secretário do PT recebeu R$ 508 mil da OAS e da UTC

Relatório da Lava Jato mostra que Silvio Pereira recebeu R$ 508.682 das empreiteiras OAS e UTC Engenharia entre 2009 e 2011


	Agentes da Polícia Federal durante fase da Operação Lava Jato: dinheiro foi repassado a uma das empresas de Silvio Pereira, a DNP Eventos
 (Nacho Doce/Reuters)

Agentes da Polícia Federal durante fase da Operação Lava Jato: dinheiro foi repassado a uma das empresas de Silvio Pereira, a DNP Eventos (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2016 às 18h06.

São Paulo - Relatório do Ministério Público Federal na Operação Carbono 14, 27ª fase da Lava Jato, aponta que o ex-secretário do PT Silvio Pereira recebeu R$ 508.682 das empreiteiras OAS e UTC Engenharia entre 2009 e 2011. 

O dinheiro foi repassado a uma das empresas de Silvio Pereira, a DNP Eventos. O ex-secretário do PT foi preso temporariamente nesta sexta-feira, 1, na Carbono 14.

"É provável que tais pagamentos se refiram à 'mesada' que o PT destinou a Silvio Pereira por intermédio de desvios em contratos que a UTC e a OAS mantinham com a Petrobrás", sustenta o documento da força-tarefa da Lava Jato.

Silvio Pereira é quadro histórico do PT. O ex-secretário da legenda foi denunciado pelo crime de associação criminosa no caso do mensalão. Não foi condenado por ter aceito proposta de suspensão condicional do processo.

Do montante total, afirma a Procuradoria da República, a construtora OAS pagou R$ 486.160 em quatro vezes. Uma em 2009, duas em 2010 e uma em 2011. Da UTC, foi identificado um depósito no valor de R$ 22.522,50 em 2011. A OAS e a UTC são investigadas na Lava Jato por suspeita de cartel na Petrobras.

Segundo o dono da UTC, Ricardo Pessoa, delator da Lava Jato, parte das propinas da Petrobras destinadas ao PT foi paga por intermédio de doações eleitorais oficiais entre os anos de 2006 e 2012.

Os procuradores identificaram ainda que a DNP Eventos recebeu R$ 154 mil da empresa Projetec, controlada por outro delator da Lava Jato, o empresário Augusto Mendonça, entre 14 de julho de 2010 e 15 de dezembro de 2010 e de R$ 12.388 da empresa Treviso Empreendimentos, do lobista Julio Camargo em 19 de janeiro de 2012. Julio Camargo também é delator do esquema de corrupção instalado na Petrobras e relatou propina de US$ 5 milhões do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Augusto Mendonça e Julio Camargo já foram condenados na Lava Jato.

"Augusto Mendonça falou que Silvio Pereira teria lhe prestado serviços de pesquisas eleitorais. Alegou que tinha conhecimento que Silvio Pereira tinha relação próxima ao PT e a Petrobrás, alegando que contratou os serviços para ajudá-lo em razão de uma crise financeira que estaria passando após o processo do Mensalão", afirma o relatório da Procuradoria.

O documento aponta que a DNP Eventos recebeu aproximadamente R$ 250 mil "como pagamento por possíveis serviços de publicidade por carros de som e pagamento de material gráfico para campanhas de candidatos do PT na eleição municipal de 2012".

"Aparentemente, a prestação de tais serviços é incompatível com o objeto social da empresa", afirma a força-tarefa.

O Ministério Público Federal havia requerido a prisão preventiva de Silvio Pereira. A força-tarefa viu "prática habitual de crimes e de total descaso com a Justiça" por parte do ex-secretário do PT.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, concedeu a custódia temporária, válida por 5 dias.

"Embora talvez cabível, no contexto, a prisão preventiva de ambos, reputo nesse momento mais apropriada em relação a eles a prisão temporária, como medida menos drástica, o que viabilizará o melhor exame dos pressupostos e fundamentos da preventiva após a colheita do material probatório na busca e apreensão", afirmou o magistrado. "A prisão temporária ampara-se ainda nos indícios de prática de crimes de corrupção, lavagem, fraudes, além de associação criminosa."

A Operação Carbono prendeu o empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário do Grande ABC. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman, próximo do ex-ministro José Dirceu e um dos pensadores do PT, foram conduzidos coercitivamente a prestar depoimento.

A reportagem entrou em contato com o escritório dos advogados que defendem Silvio Pereira e foi informada que os criminalistas não poderiam falar. Em fevereiro deste ano, em petição ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-secretário geral do PT se colocou "à disposição" da Operação Lava Jato.

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