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Ex-presidente e atual reforçam mensagens para as militâncias na véspera do voto

Em último ato eleitoral antes de eleição, Lula vai à Rua Augusta, em São Paulo, e Bolsonaro faz motociata

Lula e Bolsonaro em encontros com apoiadores (Montagem/Exame)

Lula e Bolsonaro em encontros com apoiadores (Montagem/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de outubro de 2022 às 09h27.

Última atualização em 2 de outubro de 2022 às 09h48.

O petista Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, participaram ontem de atos direcionados para suas próprias militâncias. O ex-presidente caminhou pela região da Avenida Paulista ao lado de Fernando Haddad (PT), seu candidato ao governo paulista, enquanto o atual mandatário desfilou, em motociata, pelas ruas da capital com seu postulante ao Bandeirantes, Tarcísio de Freitas, na garupa - ambos estavam sem capacete.

Os dois eventos, que encerraram o primeiro turno, na primeira disputa entre um presidente e um ex-presidente na história do Brasil, tiveram clima de festa. Nas redes sociais, houve mobilização. Lula e Bolsonaro rivalizaram, por exemplo, no Twitter. A expressão "Lula presidente amanhã" e a hashtag #CapitãoPeloBemDaNação acumularam, juntas, mais de 370,9 mil menções até o início da noite de ontem.

No último ato público, por pouco mais de uma hora, Lula acenou para apoiadores, pulou e dançou, enquanto a comitiva descia pela Rua Augusta até as proximidades da Praça Roosevelt, no centro paulistano. Uma pequena caminhonete levou na caçamba Lula, Haddad e o candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), além do concorrente ao Senado pela chapa, Márcio França (PSB), e da mulher de Lula, Janja da Silva.

Militantes caminhavam no entorno. Em obediência à lei eleitoral, que proíbe a realização de comícios a menos de dois dias da votação, os dois não discursaram. Apenas cumprimentaram apoiadores.

Festa

Alckmin, criticado pela esquerda quando integrante do PSDB, foi bem recebido pela militância, aos gritos de "aha-uhu, o chuchu é nosso" e "chuchu no Jaburu". Dois militantes que conseguiram se aproximar do carro das autoridades também disseram a Alckmin "obrigado por vir para o nosso lado".

Entre os presentes estavam figuras históricas da esquerda. Apesar da chuva por volta de meio-dia, compareceram os candidatos a deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), Marina Silva (Rede-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP), além do ex-deputado federal José Genoino e do coordenador do programa de governo de Lula, Aloizio Mercadante.

Hoje, o ex-presidente vota cedo em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, mas no fim da tarde acompanhará a apuração em um hotel da capital. De lá, seguirá para um ato político na Avenida Paulista, não importando o resultado das eleições - se uma vitória em primeiro turno ou um segundo turno com Bolsonaro.

"Amanhã (hoje), estarei festejando, se ganhar ou for para o segundo turno. Vamos para a Paulista fazer festa e vamos trabalhar, porque ressurgir das cinzas, como nós ressurgimos, é motivo de muita alegria e vitória", disse o petista em pronunciamento em São Paulo.

Ao lado de Alckmin, Lula destacou a aliança com o antigo adversário e já falou em apoios para um possível segundo turno. "A gente não tem de ficar com melindre de conversar com quem quer que seja. Nosso barco é que nem a arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá dentro e nós iremos salvar todo o mundo", disse. "Conseguimos construir uma campanha extraordinária e tenho a certeza de que vamos ganhar as eleições", afirmou o ex-presidente.

Sudeste

Lula fez agenda intensa pelo País na reta final para tentar um "sprint" de votos que permitiria liquidar a eleição em primeiro turno. Na sexta-feira, ele teve agenda no Rio, na Bahia e no Ceará.

Em São Paulo, mais do que consolidar sua vantagem no Estado, ao apresentar Alckmin, que foi governador por quatro vezes, como ativo eleitoral, Lula almejou embalar os aliados Haddad e França.

A campanha petista tratou o Sudeste como prioridade nesta eleição. Pelas contas do partido, a região será o fiel da balança para consolidar o sonho de vencer em primeiro turno. No ato de ontem, militantes de movimentos sociais eram responsáveis por fazer cordões humanos em volta do carro, para tentar proteger o candidato.

Agentes da Polícia Federal, que acompanham Lula dia e noite, também faziam a segurança. O petista tem usado uma espécie de colete à prova de balas em atos abertos, por baixo da roupa.

Mesmo assim, o ex-presidente ignorou as recomendações da segurança ao desfilar em caminhonete aberta, sem proteção de vidro no teto ou nas laterais, por cerca de 1h15. Diversas vezes ainda se pendurou para fora do veículo.

Na garupa

Já o atual presidente participou da última motociata do primeiro turno em São Paulo em meio a gritos de "mito" e pedidos de vitória em "primeiro turno". Com o objetivo de dobrar a aposta em Tarcísio e garantir um palanque no Estado, Bolsonaro tirou fotos e disse não esperar menos de "60% dos votos" nas urnas: "Eu espero que isso aconteça". Pesquisas, no entanto, apontam Lula à frente.

Apoiadores seguiram o presidente a pé, de carro e em motocicletas, gritando palavras de ordem contra o petista. Bolsonaro esteve acompanhado do deputado federal Eduardo Bolsonaro, da deputada Carla Zambelli, do candidato à Câmara Frederick Wassef, todos pelo PL, e do empresário Luciano Hang. O grupo partiu da Praça Campo do Bagatelle, na zona norte, tradicional ponto de início das Marchas para Jesus, também usadas como eventos de campanha pelo presidente.

As motociatas marcaram a pré-campanha e a campanha. Como o Estadão mostrou, o evento foi convocado pelas redes sociais e vendido como um "xeque-mate" contra Lula, atrelado à suspeição em relação a sondagens eleitorais. Em outra frente, Bolsonaro passou a pregar contra o voto útil.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta semana, o presidente disse que os eleitores devem votar em seu candidato favorito. O cenário ideal para o chefe do Executivo é que as candidaturas de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) não desidratem nas horas finais da campanha.

O grupo se dispersou perto do Parque do Ibirapuera, onde Bolsonaro caminhou pela extensão da Avenida Pedro Alvares Cabral e levantou uma montagem de Lula atrás das grades. Ontem, o presidente seguiu para Joinville (SC). No Estado em que obteve 76% dos votos no segundo turno de 2018, Bolsonaro andou de moto, mais uma vez, com o ex-secretário da Pesca Jorge Seif (PL) na garupa. O correligionário concorre a uma vaga no Senado.

O presidente foi a Santa Catarina para tentar alavancar, na última hora, a candidatura do senador Jorginho Mello (PL) ao governo do Estado. Em meio a motociclistas que estavam vestidos com a camisa da seleção brasileira, Bolsonaro levantou uma bandeira do Brasil durante o ato.

Na campanha e durante seu primeiro mandato, ele apostou no patriotismo e usou o verde e o amarelo como símbolos de seu movimento. Bolsonaro vota hoje, por volta das 9h30, no Rio. A previsão é de que o presidente volte a Brasília para acompanhar a apuração dos votos.

Primeira-dama

Ao contrário de Rosângela da Silva, a Janja, que acompanhou Lula a primeira-dama Michelle Bolsonaro optou por fazer campanha para o marido em Brasília. Em discurso em tom religioso, na Esplanada dos Ministérios, Michelle afirmou que a eleição é um "momento decisivo" e os "ataques" contra seu marido são contra os "princípios e valores" de Deus.

"As portas do inferno não prevalecerão", declarou Michelle, acompanhada da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, que concorre a uma vaga no Senado no Distrito Federal e tem recebido forte apoio da primeira-dama.

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