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Ex-presidente de sindicato teria estimulado greve em SP

A proposta patronal teria sido aceita a portas fechadas antes de ouvir a categoria, e o ex-presidente teria inflamado os profissionais a se rebelarem

Ônibus parados durante a greve de motoristas e cobradores em São Paulo (Chico Ferreira/Reuters)

Ônibus parados durante a greve de motoristas e cobradores em São Paulo (Chico Ferreira/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 09h10.

São Paulo - Um ex-presidente do sindicato dos motoristas teria ajudado a dar início à paralisação de 48 horas nos ônibus paulistanos.

Tudo começou em uma reunião a portas fechadas da cúpula do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas), ocorrida na segunda-feira, 19, à noite.

No encontro, foi decidido que a proposta patronal seria aceita mesmo antes de ouvir a categoria, em assembleia que estava marcada para terça, às 16 horas. Motoristas e cobradores afirmam que a medida revoltou a categoria.

Presente naquele encontro, o atual secretário de Finanças do Sindmotoristas, Edvaldo Santiago da Silva - que já presidiu a entidade -, teria inflamado os profissionais a se rebelarem contra a decisão e o sindicato.

Segundo profissionais ouvidos pela reportagem, Santiago teria ido, às 4h de terça, até a garagem da empresa Santa Brígida, na Vila Jaguara, zona oeste de São Paulo, e mostrado uma foto do encontro, afirmando que o sindicato estava fechando o acordo por conta própria.

A informação começou a ser repassada para outros profissionais, até chegar à Viação Sambaíba, a maior da cidade. Procurado, Santiago não quis falar com a reportagem e se limitou a negar que tenha feito isso.

O dia de ontem foi de protestos na frente das cinco garagens de Santa Brígida e Sambaíba.

Os gritos de guerra dos trabalhadores não eram contra as empresas, mas contra o sindicato e o presidente da entidade, José Valdevan de Jesus Santos, conhecido como Noventa. "Valdevan pode esperar, a sua hora vai chegar", cantavam nesta quarta-feira.

Copa.

Sindicalistas eram hostilizados. Os manifestantes ainda soltaram rojões durante o dia. À tarde, o motorista Tales de Souza Oliveira, de 35 anos, entregava panfletos na garagem da Santa Brígida, falando que o movimento seria mantido até a Copa do Mundo.

"Esse sindicato fatura R$ 20 milhões por mês e só apronta com a gente há mais de 20 anos. Nós não temos nada a reclamar da empresa, a revolta é contra o sindicato, com o que ele faz por trás da gente", diz ele, que não é sindicalizado.

Valdevan Noventa foi eleito presidente do Sindmotoristas no ano passado, representando vitória da oposição. A entidade tem histórico de brigas pelo poder que já deixou 16 mortos nos últimos 14 anos. Na votação do ano passado, houve um tiroteio e oito ficaram feridos.

"Nó elegemos esse pessoal achando que tudo mudaria, que as coisas ficariam mais transparentes e nos deram uma punhalada nas costas. Isso é inadmissível", diz José Gomes, de 41 anos, há oito na empresa Gato Preto, outra que aderiu em massa.

"Ninguém arreda o pé até a Copa, vamos mostrar para o sindicato que ninguém é pelego." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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