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Ex-mulher acusou Bolsonaro de roubar cofre e ocultar patrimônio, diz VEJA

Processo de 500 páginas protocolado em 2008 por Ana Cristina Siqueira Valle em meio a uma separação litigiosa foi obtido pela revista

Jair Bolsonaro, candidato à Presidência, tema de reportagem da revista VEJA (Diego Vara/Reuters)

Jair Bolsonaro, candidato à Presidência, tema de reportagem da revista VEJA (Diego Vara/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 28 de setembro de 2018 às 01h58.

Última atualização em 28 de setembro de 2018 às 02h30.

São Paulo - A reportagem de capa da revista VEJA, divulgada na noite desta quinta-feira (27), traz detalhes de um processo de 500 páginas envolvendo o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL).

O documento, obtido pela revista, foi protocolado em abril de 2008 por sua segunda esposa, Ana Cristina Siqueira Valle, em meio a uma separação litigiosa.

A disputa entre o casal foi além da guarda do filho Jair Renan, então com 10 anos, que já tinha tido detalhes revelados. Neste outro processo, o tema era a demanda de Ana por uma partilha justa de bens.

Foram quatro as acusações principais. A primeira é que Bolsonaro teria ocultado patrimônio em sua declaração oficial para a Justiça Eleitoral em 2006, quando foi candidato a deputado federal (e venceu).

A declaração de Bolsonaro foi de bens no valor de 433.943 reais, mas Ana anexou uma relação de bens e de imposto de renda que somava um patrimônio real de 4 milhões de reais (ambos valores da época).

Ana também alegou no processo que a renda do deputado superava na época os 100 mil reais mensais, apesar da soma de suas rendas conhecidas como deputado e militar da reserva ser de 35.300 reais; não foi especificado de onde vinham os outros recursos.

O processo também inclui alegações de "comportamento explosivo" e "desmedida agressividade" de Bolsonaro que teriam sido motivo da separação, segundo ela.

A principal disputa era sobre um roubo. Ana acusou Bolsonaro de furtar US$ 30 mil e mais R$ 800 mil (R$ 600 mil em joias e R$ 200 mil em dinheiro vivo) de um cofre em uma agência do Banco do Brasil, caso registrado em boletim de ocorrência no mesmo dia do furto (26 de outubro de 2007).

Alberto Carraz, gerente do BB e amigo de Bolsonaro até hoje, confirma apenas que o conteúdo sumiu. A investigação não deu em nada e acabou arquivada; Ana foi chamada a depor duas vezes e não foi.

Ocorria em paralelo uma outra disputa judicial, pela guarda do filho Jair Renan, levado por Ana para a Noruega em 2009.

Bolsonaro acusou a ex-mulher, no processo de partilha, de sequestrar o filho como forma de chantagem para receber de volta o conteúdo do cofre.

Segundo a VEJA, a anexação deste depoimento levou ao acordo sobre a partilha de bens nos termos acordados por Ana, assim como o retorno do filho do exterior.

A Folha de São Paulo revelou recentemente documentos do órgão relatando que Ana disse ao vice-cônsul brasileiro na Noruega ter sido ameaçada de morte por Bolsonaro, o que teria motivado sua saída do Brasil; a narrativa foi confirmada por pessoas que conviveram com ela na Noruega na época.

Ana, que usa o sobrenome Bolsonaro e concorre a deputada federal pelo Podemos, se reaproximou do ex-marido. Hoje, apoia sua candidatura, nega as acusações e considera "superado" o caso da Noruega.

"Quando você está magoado, fala coisas que não deveria", se justifica em relação ao processo. Sobre as joias, disse: "era coisa minha, que juntei. Coisas do meu ex-marido, joias que ganhei do Jair".

Sobre não ter ido depor, ela diz que não se lembra e que ficou quieta na época: "Não me sentia à vontade. Iria dar um escândalo para ele e para mim. Deixei para lá".

Ela disse que tinha um acordo com Bolsonaro para abrir mão de qualquer apuração "porque não seria bom", mas não deu mais detalhes. O candidato foi procurado pela VEJA e não respondeu.

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