Raupp era gaúcho, nascido em Cachoeira do Sul. Graduou-se em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (Antônio Cruz/ABr/Agência Brasil)
Agência Fapesp
Publicado em 27 de julho de 2021 às 14h02.
Última atualização em 27 de julho de 2021 às 14h28.
Marco Antonio Raupp morreu sábado (24/07) aos 83 anos, em decorrência de um tumor cerebral. Ele foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, de janeiro de 2012 a março de 2014, e diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos em duas gestões: de 2009 a 2011 e de outubro de 2014 a junho de 2021.
Ocupou o cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto Nacional de Computação Científica (LNCC) e presidiu a Agência Espacial Brasileira e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
“Raupp foi uma figura permanente no cenário de ciência, tecnologia e inovação do país nos últimos 35 anos. Nas numerosas instituições que dirigiu, sua atuação foi sempre voltada para a busca de soluções de grandes problemas. Na direção do Inpe fortaleceu nossa autonomia na fabricação e testes de satélites e foi a grande liderança na criação do Parque Tecnológico de São José dos Campos, modelo desse tipo de organização no país”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
“Dentre suas várias realizações, considero Raupp, junto com outros colegas, um dos responsáveis pela criação do campus da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo] em São José dos Campos. Fomos juntos ao Ministério da Educação e, graças também ao aval do Raupp, então à frente do Parque Tecnológico de São José dos Campos, saímos de uma reunião com o então diretor da SESU [Secretaria da Educação Superior], Nelson Maculan, com as primeiras oito vagas de docentes aprovadas", lembrou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, que, na época da criação do campus em São José dos Campos, era pró-reitor de Graduação da Unifesp. “Raupp deixa não só um amplo legado de realizações, mas um modelo e inspiração de dedicação a coisa pública.”
Raupp era gaúcho, nascido em Cachoeira do Sul. Graduou-se em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Fez o mestrado em matemática na Universidade de Brasília (UnB) e o doutorado na mesma área, na Universidade de Chicago. Foi professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (USP).
No Inpe, entre 1985 e 1989, criou o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), o Laboratório de Integração de Testes (LIT) e participou das negociações que resultaram no acordo de cooperação entre Brasil e China para o desenvolvimento dos satélites CBERS-1 e CBERS-2, feito pelo qual recebeu o título de Comendador da Ordem de Rio Branco, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores. E, no LNCC, criou o Laboratório de Bioinformática, utilizado por pesquisadores e pela indústria.
Como ministro, criou a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), em 2013, e foi responsável pela formulação e coordenação da política espacial brasileira de 2011 a 2012.
Foi membro titular da Academia Internacional de Astronáutica (IAA), do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e presidiu o Conselho de Administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Integrou o Conselho Administrativo da Alcântara Cyclone Space (ACS) e da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron (ABTLuS), hoje denominada Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.
Recebeu os títulos da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República; de Grande Oficial da Ordem do Mérito Aeronáutico, da Força Aérea Brasileira; de Grande Oficial da Ordem do Mérito Naval, da Marinha do Brasil; a Medalha de Pacificador, do Exército Brasileiro e a Medalha da Inconfidência, do Governo do Estado de Minas Gerais.
Foi homenageado pelo diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos, Marcelo Nunes: “Perde a ciência e a inovação. Ser humano ímpar, Marco Antonio Raupp é um ícone em nosso país, responsável por atos arrojados, e deixa um legado de desenvolvimento tecnológico e o respeito de todas as pessoas que, assim como ele, tinham a dedicação em aprender sempre. Raupp conseguia entender as dificuldades e necessidades de startups a multinacionais, agia sempre em busca de levar a tecnologia como um diferencial e fez do PqTec o maior e mais respeitado parque do Brasil”.