Brasil

Ex-governador de Alagoas pegou R$ 2 mi em propinas, diz PF

Na planilha de pagamento de propinas do famoso Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Téo Vilela era identificado pela alcunha de "Bobão"

PF: os repasses ao ex-governador teriam sido realizados em pelo menos três parcelas (Ueslei Marcelino/Reuters)

PF: os repasses ao ex-governador teriam sido realizados em pelo menos três parcelas (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 15h40.

São Paulo - A Polícia Federal suspeita que o ex-governador de Alagoas Teotônio Vilela Filho (PSDB) teria recebido propina superior a R$ 2 milhões da Odebrecht por meio de fraude no processo de concorrência para as obras do Canal do Sertão, entre 2009 e 2014 - contrato de R$ 33,93 milhões.

Na planilha de pagamento de propinas do famoso Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, Téo Vilela era identificado pela alcunha de "Bobão".

Os repasses ao ex-governador, que também foi presidente nacional do PSDB, teriam sido realizados em pelo menos três parcelas, uma primeira de R$ 1 milhão, outra de R$ 900 mil e a terceira de R$ 150 mil.

O ex-governador é o principal alvo da Operação Caribdis, deflagrada nesta quinta-feira, 30, pela PF em parceria com a Procuradoria da República. Agentes federais fizeram buscas na casa do ex-governador e apreenderam computadores, smartphones e documentos.

A investigação, segundo a PF, tem como objetivo complementar provas colhidas em inquérito policial instaurado para apurar a suposta prática dos crimes de fraude a licitação, desvio de verbas públicas (peculato), corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, todos relacionados à obra do Canal do Sertão Alagoano, mais especificamente os lotes números 3 e 4, ambos licitados pelo Governo de Alagoas - Secretaria de Infraestrutura na gestão Téo Vilela.

O Supremo Tribunal Federal autorizou a PF a utilizar provas decorrentes de delações premiadas de executivos ligados à Odebrecht. A elas se somaram relatórios do Tribunal de Contas da União, constatando sobrepreço em contrato firmado entre o Governo de Alagoas a referida empresa no montante de R$ 33.931.699,46.

Um delator da Odebrecht, Alexandre Biselli, citou o ex-governador. Ele disse que se reuniu com o então secretário de Infraestrutura do governo alagoano, Marco Antonio Fireman, o "Fantasma" - também alvo da Operação Caribdis -, em 2014, para ajustar os detalhes dos repasses. Biselli disse que Téo ficou "uns vinte minutos fora" da reunião e, nessa hora, "Fantasma" o teria abordado sobre dinheiro para a campanha daquele ano.

Ainda segundo Biselli, "Fantasma" ameaçou tirar o contrato da Odebrecht.

A Operação Caribdis cumpriu 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela 2.ª Vara Federal de Alagoas. Os federais vasculharam endereços em Maceió, Salvador, Limeira (SP) e Brasília.

Defesa

Por meio de sua assessoria de imprensa, o ex-governador Teotônio Vilela Filho disse que vai se manifestar ainda na tarde desta quinta-feira, 30.

Quando foi citado na delação da Odebrecht, o tucano se manifestou desta forma. "O ex-governador Teotônio Vilela Filho reafirma que em sua vida pública nunca negociou favores ou autorizou quem quer que seja a negociá-los em seu nome. Diz também que as doações para suas campanhas eleitorais sempre ocorreram de forma legal e todas declaradas à Justiça Eleitoral."

Acompanhe tudo sobre:AlagoasCorrupçãoGovernadoresNovonor (ex-Odebrecht)Polícia Federal

Mais de Brasil

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados

Moraes decide manter delação de Mauro Cid após depoimento no STF

Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe