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Ex-coordenadora do PNI diz que deixou cargo por ‘politização da vacina’

Francieli Fantinato, que pediu para deixar a função na quarta-feira, afirmou à CPI da Covid que a politização do assunto "chegou num limite" que ela preferiu se dedicar a questões pessoais

CPI da Covid: ex-coordenadora do Programa Nacional de Vacinação  (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato (Pedro França/Agência Senado)

CPI da Covid: ex-coordenadora do Programa Nacional de Vacinação (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato (Pedro França/Agência Senado)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 8 de julho de 2021 às 11h50.

Ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato afirmou à CPI da Covid, nesta quinta-feira, 8, que deixou o cargo, que ocupava desde 2019, por conta da “politização da vacina” — inclusive por parte do presidente Jair Bolsonaro.

Francieli pediu para deixar a função de coordenadora-geral do PNI na quarta-feira, 7, alegando motivos pessoais. Ela disse que a politização do assunto "chegou num limite" que ela preferiu se dedicar a outras questões. "Esse tema está bastante politizado por diversos membros, existem falas públicas em relação a esse tema", disse.

Perguntada sobre a que "membros" ela se referia, Francieli apontou o "líder da nação" como uma das pessoas que colocam dúvida em relação à vacinação. "Quando o líder da nação não fala favorável, a minha opinião pessoal é que isso pode trazer prejuízos. Eu, enquanto coordenadora, precisava que a gente tivesse um direcionamento único", disse.

"Quando a gente tem ciência, segurança no produto, quando os resultados apontam de forma favorável que aquilo pode trazer um resultado para a população, ter uma politização do assunto por meio do líder da nação, que traz elementos que muitas vezes colocam em dúvida...", explicava a servidora, quando foi interrompida por senadores.

Em seguida, Francieli completou a fala: "Qualquer pessoa que fale contra a vacinação vai trazer dúvidas à sociedade brasileira", resumiu. Segundo ela, há necessidade de haver uma "comunicação única" por parte de cidadãos "de qualquer escalão". Como coordenadora-geral do PNI, ela precisava de "apoio que fosse favorável à fala em relação à vacinação", disse.

A comunicação foi apontada por Francieli como um dos problemas para colocar o PNI em ação. O outro seria a falta de doses de vacina. “Faltou para o PNI, sob a minha coordenação, quantitativo suficiente para execução rápida de uma campanha e campanhas publicitárias para segurança dos gestores, profissionais de saúde e população brasileira", disse.

"O PNI, estando sob qualquer coordenação, não consegue fazer uma campanha exitosa sem vacinas e sem comunicação, sem uma campanha publicitária efetiva", afirmou Francieli. "Por que o maior programa de vacinação do mundo teve dificuldades em executar o seu papel? O PNI sabia muito bem o que precisava fazer, sempre soube", assegurou.

 

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