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EUA querem uma solução ‘inconstitucionalmente impossível’, diz Haddad

Ministro esteve em evento do Financial Times e Times Brasil CNBC nesta segunda-feira, em São Paulo

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Publicado em 18 de agosto de 2025 às 12h30.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que as negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre as tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros não avançam porque Washington tenta impor ao país uma solução “inconstitucionalmente impossível”. A declaração foi feita durante um painel do fórum Futuro Sustentável, organizado pelo Financial Times e pela Times Brasil CNBC, em São Paulo.

Haddad também comentou sobre a reunião virtual que estava prevista para a semana passada com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Segundo o ministro, já era esperado que o encontro fosse cancelado após sua divulgação por pressões da extrema-direita.

— Há uma má vontade partindo dos Estados Unidos. Quando recebi o e-mail do Bessent, marcando a nossa reunião, eu sabia que, ao divulgar essa notícia, nós corríamos o risco de fazer com que a extrema direita brasileira se mobilizasse nos Estados Unidos. Nós entendíamos que a extrema direita poderia se mobilizar nos Estados Unidos para reverter a situação, mas ficaria demonstrado que a responsabilidade pela reunião não ocorrer, não seria do Brasil.

Imposição de solução "inconstitucional" e desafios nas negociações

Ele continuou:

— Temos documentos oficiais demonstrando que a negociação não ocorre porque os Estados Unidos estão tentando impor ao Brasil uma solução inconstitucionalmente impossível, que é o Executivo se imiscuir em assuntos de outro Poder, o Judiciário.

O ministro acrescentou que nunca tomaria a iniciativa de cancelar um compromisso dessa natureza com uma autoridade estrangeira, o que classificou como “deselegância”:

— Nunca cometeria uma deselegância dessa com um homólogo de outro país. Por mais hostil que o outro país fosse, se eu marquei um compromisso, eu cumpro (...) Se eu não tenho por que conversar com o ministro de Finanças de outro país, eu simplesmente não marco. Se eu marquei, tenho uma razão para isso.

Resiliência do Brasil e medidas extraordinárias

Questionado se o Brasil teria resiliência para suportar as tarifas por dois a três anos, Haddad respondeu que não acredita que as taxas se prolonguem tanto. Ele lembrou ainda que, atualmente, o comércio com os Estados Unidos equivale à metade do registrado no início do século e avaliou que a tendência é de queda ainda maior.

Haddad também comentou o pacote de medidas elaborado pelo governo federal para apoiar as empresas mais afetadas pelas tarifas. Segundo ele, tratam-se de ações extraordinárias e específicas para os problemas mapeados, sem caráter permanente.

— Esses (aqueles que dizem que as medidas podem se tornar permanentes) são os mesmos especialistas que falaram que ia ficar permanente a ajuda do Rio Grande do Sul. Quando você tem um evento extraordinário, você tem que ter medidas extraordinárias.

Preocupações com a Selic e o crescimento econômico

O ministro também se disse preocupado com o atual patamar da Selic, que classificou como “ultra restritivo”, o que pode frear o crescimento econômico.

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