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EUA querem que Mourão trate com militares chavistas

Vice-presidente americano teria incentivado brasileiro a usar a experiência em Caracas para influenciar exército a romper com o chavismo

Hamilton Mourão: vice-presidente já foi adido militar do Brasil na Venezuela (Adriano Machado/Reuters)

Hamilton Mourão: vice-presidente já foi adido militar do Brasil na Venezuela (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de abril de 2019 às 06h20.

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, se reuniu na segunda-feira, 8, com o vice americano, Mike Pence, e refutou a possibilidade de qualquer intervenção militar na Venezuela. Para Mourão, a pressão econômica feita pelos Estados Unidos sobre o regime de Nicolás Maduro deve propiciar o fim do governo chavista. Pence teria pedido a Mourão para "usar sua experiência" para negociar com os militares da Venezuela.

"Isso é um processo, não há solução imediata para esse processo vivido na Venezuela. A questão econômica está chegando num ponto de estrangular o país e esse momento será o momento que as Forças Armadas (venezuelanas) então terão condição de assumir o poder e abrir o caminho para a saída do governo Maduro", afirmou Mourão a jornalistas após a reunião.

Os Estados Unidos têm adotado sanções econômicas contra aliados de Maduro. Mourão mencionou as últimas sanções impostas pelos americanos, na sexta-feira, 5, que atingem o petróleo exportado da Venezuela para Cuba. Caracas envia a Cuba 59 mil barris de petróleo por dia, que equivalem a 70% do consumo de Havana.

"A situação está difícil, não tem bolinha de cristal para chegar e dizer 'é amanhã, ou semana que vem', mas eu vejo que o desenlace está próximo", afirmou Mourão.

Segundo Mourão, Pence quis saber a opinião do brasileiro sobre a crise no país vizinho. Ele disse ter expressado o que vem repetindo nos últimos dias: a solução para a crise na Venezuela precisa ser resolvida pelos próprios venezuelanos. "Nenhum de nossos países irá intervir na Venezuela de maneira militar. A questão militar é dos venezuelanos", afirmou Mourão.

Uma fonte da Casa Branca afirmou que Pence incentivou Mourão a usar a experiência como adido militar em Caracas para influenciar militares venezuelanos a romper com o chavismo. O governo americano espera que o Brasil ajude na interlocução com os militares do país vizinho, que até agora dão suporte a Maduro.

"Ele tem a credibilidade de ser um líder importante na região com formação militar", disse a fonte da Casa Branca, que pediu para não ser identificada. "É uma voz muito importante e está usando essa voz para avançarmos." Mourão, contudo, disse que não houve pedido de Pence para fazer a interlocução com militares da Venezuela. O vice-presidente brasileiro avaliou que Maduro já perdeu a capacidade de liderar as Forças Armadas venezuelanas.

Os dois falaram sobre a presença militar da Rússia na Venezuela. Mourão disse que a presença russa preocupa, porque o país é uma força externa ao continente. "A Rússia está tentando manter os seus interesses, uma vez que investiu bastante dinheiro", disse Mourão.

A reunião dos dois vice-presidentes durou cerca de 30 minutos. Os dois também falaram sobre as relações do Brasil com a China. Pence apresentou a Mourão "preocupações" com relação a questões de propriedade intelectual e disputa tecnológica com relação à China, mas disse entender que o país é um grande parceiro comercial do Brasil.

O vice-brasileiro disse ter deixado claro que o Brasil "busca com a China um relacionamento estratégico na busca de beneficio mútuo para ambos os países". Mourão negou que os dois tenham falado sobre a eventual transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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