Combustíveis: proposta de aumento de mistura de biodiesel no diesel, feita sob Temer, não foi adiante (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2019 às 06h10.
Última atualização em 17 de abril de 2019 às 06h25.
A decisão do presidente Jair Bolsonaro da última sexta-feira (12), de vetar o aumento de 5,7% nos preços do diesel continua a repercutir.
Nesta quarta-feira (17), representantes dos produtores de biodiesel brasileiro se encontram com Márcio Félix, atual secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME) para pressionar o governo a ampliar a mistura do combustível.
Atualmente, o MME estipula que o percentual obrigatório de biodiesel no diesel é de 10% (B10). No ano passado, sob a gestão de Michel Temer, o Ministério havia estipulado aumentar um ponto percentual por ano até a mistura de combustível atingir a marca de 15% em 2023.
Em março deste ano, o MME teria que aprovar a mudança para que em junho a mistura subisse para 11%, o que não ocorreu pois a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou que o biodiesel apresentou problemas em testes com motores.
Para o setor, os testes da Anfavea não são conclusivos e a mistura deveria ser ampliada. O combustível sustentável poderia funcionar como um amortecedor do preço do diesel que é vendido nos postos pelo país. Como o biodiesel é adquirido em leilões a cada dois meses, seu preço fica estável por mais tempo.
Ao frear o reajuste do diesel, o presidente não analisava o mercado de combustíveis em si, mas pensava na dimensão política do ato, como declarou o ministro da Economia, Paulo Guedes, depois de reunião com Bolsonaro e o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, na tarde de terça-feira. “O presidente tem preocupação maior do que só a preocupação do mercado. É natural que eu como ministro da Economia esteja preocupado com o mercado”, disse Guedes.
De acordo com o porta-voz do Planalto, Otávio Rêgo Barros, o presidente disse na reunião com Guedes e Castello Branco que não quer e não tem o direito de intervir na estatal. Segundo Barros, Bolsonaro está “perfeitamente convencido da maneira que a Petrobrás lida” com os preços. Na última sexta-feira, após a interferência do presidente, a estatal chegou a perder 32 bilhões em valor de mercado.
Com a medida polêmica, Bolsonaro tentava aplacar os ânimos dos caminhoneiros, que ameaçam organizar uma nova greve para paralisar o país como fizeram no ano passado. Na última terça-feira, 16, o governo apresentou novas medidas para tentar agradar a categoria, como a abertura de uma linha de crédito do BNDES para caminhoneiros autônomos no valor de 500 milhões de reais e o investimento de 2 bilhões de reais em rodovias.
Segundo as lideranças, a categoria não está satisfeita com as ofertas do governo e não descarta novas paralisações até conseguir o tabelamento do frete e a redução do preço do diesel. Agora, está nas mãos do governo decidir qual a melhor forma de evitar uma nova crise de abastecimento no país sem prejudicar a Petrobras. Para o setor de biocombustíveis, a saída seria apostar no biodiesel.