Lula: "Minhas ideias estão no ar e não tem como prendê-las" (Ricardo Stuckert/Lula/Facebook/Divulgação)
Agência Brasil
Publicado em 7 de abril de 2018 às 14h58.
Após missa em homenagem a Marisa Letícia, que completaria 68 anos neste sábado (7), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a atuação da imprensa em relação às acusações contra ele. O discurso durou mais de 55 minutos e foi acompanhado por sindicalistas e apoiadores.
"O sonho de consumo deles [dos veículos de imprensa] é a foto do Lula preso. Fico imaginando o tesão da Globo e da Veja quando isso acontecer. Eles vão ter orgasmos múltiplos", disse para os militantes que acompanharam o discurso, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde Lula permanece desde quinta-feira (5) à noite.
Lula afirmou também que a grande mídia está determinada em colocá-lo no foco do noticiário. "Tenho mais de 72 horas de Jornal Nacional me atacando. Tenho a Record, a Bandeirantes, a rádio do interior me atacando. Mas quanto mais eles me atacam, mais cresce minha relação com o povo brasileiro".
O ex-presidente defendeu a regulamentação dos meios de comunicação. "Eles têm que saber que nós fazer uma regulação dos meios de comunicação para que o povo não seja vítima de mentiras".
Lula incentivou a participação popular por meio de manifestações e protestos em defesa de ideias e propostas. "Minhas ideias estão no ar e não tem como prendê-las. Meu coração baterá pelo coração de vocês", disse.
"Não pararei porque não eu sou sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês. A morte de um combatente não para a revolução", afirmou.
E chamou cada militante de Lula. "Somos Lula", disse. A frase "Eu sou Lula" foi ecoada na plateia.
Para Lula, ele foi condenado politicamente por ter tirado muitos da miséria. "Se eu cometi esse crime [de ter tirado brasileiros da miséria], vou continuar sendo criminoso nesse país, porque vou fazer muito mais", acrescentou.
No discurso, Lula fez críticas ao juiz Sérgio Moro, ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal (STF). "A história, daqui uns dias vai provar que quem cometeu crime foi o delegado, o juiz e o Ministério Público. Sairei dessa maior, mais forte e inocente. Quero provar que eles cometeram um crime. Um crime político", disse.
Ao se referir à condenação pelo triplex em Guarujá (SP), o ex-presidente reiterou não ser dono do imóvel. "Sou o único ser humano que é processado por um apartamento que não é meu. Pensei que o Moro ia resolver isso, mas ele mentiu [me condenando]", disse, reforçando que "não perdoa" aqueles que o chamaram de ladrão. "Nenhum deles têm coragem ou dorme com a consciência tranquila como eu durmo. Não estou acima da Justiça", acrescentou. "Certamente um ladrão não estaria exigindo prova [como eu faço]".
Em relação ao Supremo, Lula criticou a atuação dos ministros. "Quer votar de acordo com a opinião pública largue a toga e dispute a eleição".
O ex-presidente atribuiu a morte de Marisa Letícia às ações do Ministério Público e da imprensa. "A antecipação da morte da Marisa foi uma sacanagem que a imprensa e o Ministério Público fizeram com ela", disse. "Não tenho medo deles. Gostaria de fazer um debate com o Moro. E queria que mostrassem as provas e que provassem qual crime que eu cometi".
O ex-presidente afirmou também que não faz objeções ao trabalho da Lava Jato. "Não sou contra a Lava Jato. Quero que continuem prendendo rico".
Lula mencionou vítimas da injustiça no país, entre elas a ex-presidente Dilma Rousseff. "Dilma foi a mais injustiçada das mulheres que um dia ousou fazer política nesse país. A Dilma foi a pessoa que me deu a tranquilidade de fazer quase tudo o que consegui na Presidência da República. Sou grato de coração. Serei profundamente, para o resto da vida, repartirei sempre o sucesso da Presidência com você", disse ao cumprimentar a ex-presidente.
Acompanharam o discurso o ex-prefeito Fernando Haddad, Guilherme Boulos (líder do MTST e pré-candidato a presidente pelo PSOL), Manuela D'Ávila (pré-candidata a presidente pelo PCdoB), Celso Amorim (ex-ministro das Relações Exteriores), Ivan Valente (deputado federal pelo PSOL), João Pedro Stédile (da liderança do MST), Paulo Pimenta (líder do PT na Câmara), Wellington Dias (governador do Piauí) e o ator Osmar Prado.