Populações de Porto Alegre (RS) e outras cidades próximas dos rios Taquari e Uruguai serão as mais afetadas (Anselmo Cunha/AFP Photo)
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 13h19.
A população exposta a enchentes em Porto Alegre–RS e em cidades do Rio Grande do Sul próximas aos rios Taquari e Uruguai pode dobrar até 2100, segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH). A projeção aponta que a região Sul do país tende a ser mais sensível às mudanças no ciclo hidrológico.
O Vale do Taquari é uma das regiões vulneráveis ao impacto das chuvas nos próximos anos. Composto por 36 cidades, sendo a maior delas Lajeado, o complexo foi afetado pelas enchentes de 2024 que deixaram 185 mortos e 23 desaparecidos no Rio Grande do Sul.
Segundo a análise realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as vazões máximas dos rios podem crescer 14% durante chuvas fortes e 13% em episódios raros, como enchentes extremas. Com isso, as chances de transbordamento em rios estratégicos, usados para abastecer cidades e fornecer energia, também aumentam.
O levantamento do IPH também estima aumento de 4,8% na média anual de precipitações no estado. Durante a pesquisa, os cientistas realizaram simulações que imitam o comportamento de rios e chuvas no futuro. As previsões foram baseadas em dados de clima de modelos internacionais.
Eventos raros também devem se tornar até cinco vezes mais frequentes. As chuvas intensas de curta duração, como precipitações de um dia, com tempo de retorno de até 10 anos, podem aumentar até 15%.
Apesar da previsão de problemas causados pela chuva, o IPH não acredita que as secas serão menos preocupantes. Pelo contrário, o estudo aponta que as estiagens podem se estender em média três dias a mais por ano.
Além disso, a vazão mínima dos rios deve cair 11% e a estação seca deve se prolongar em parte do território gaúcho, o que causaria insuficiência hídrica 42% maior.
Após as enchentes de 2024, as diretrizes do Rio Grande do Sul foram atualizadas e incluem ajustes nos cálculos para que as obras de contenção sejam suficientes em eventos severos.
A drenagem urbana deve ser projetada para suportar chuvas de 115 mm por dia, com tempo de retorno de 10 anos. Os projetos voltados para as cheias devem considerar um acréscimo de 13% na vazão máxima para eventos raros com tempo de retorno de 50 anos.