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Estudo defende melhoria de teste em bolsas de sangue

Levantamento mostra que o risco de se contrair hepatite B por contaminação da bolsa de sangue é de uma pessoa para 30 mil doações

No estudo: o risco é cinco vezes superior ao de se contrair hepatite C e aids, cujas proporções são de um contaminado para 150 mil doações (Stock.Xchange)

No estudo: o risco é cinco vezes superior ao de se contrair hepatite C e aids, cujas proporções são de um contaminado para 150 mil doações (Stock.Xchange)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2012 às 10h45.

Rio de Janeiro - Estudo inédito sobre o cenário das transfusões de sangue no Brasil revelou que o risco de se contrair hepatite B por contaminação da bolsa de sangue é de uma pessoa para 30 mil doações. O risco é cinco vezes superior ao de se contrair hepatite C e aids, cujas proporções são de um contaminado para 150 mil doações.

O trabalho foi apresentado ontem pelo médico Silvano Wendel, diretor do banco de sangue do Hospital Sírio Libanês e presidente da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue, no congresso da entidade, em Cancún, no México. Wendel fez um levantamento nos serviços que realizam os testes NAT (sigla em inglês para teste de ácido nucleico) nas bolsas de sangue.

Esse exame reconhece o material genético do vírus e detecta a sua presença mais cedo no organismo. O teste convencional (Elisa) só informa a presença do vírus se o organismo já estiver produzindo anticorpos - o que pode ocorrer 70 dias depois da infecção, dependendo do vírus.

Ao comparar os resultados dos testes NAT e Elisa, ele identificou bolsas de sangue contaminadas que teriam sido liberadas para transfusão se não tivessem passado pelo exame mais moderno. Os dados de risco no Brasil são de um infectado pelo vírus da hepatite B para 29.240 doações, um contaminado por HIV para 159.744 doações e uma pessoa contrairá o vírus da hepatite C para 154.321 doações.

“Todos os anos o país recebe 4 milhões de doações de sangue, estamos falando de 20 a 30 casos de janela imunológica (tempo entre a infecção e a detecção do vírus no organismo) para hepatite C e aids. Preocupa ainda mais a hepatite B: são cem casos com potencial de contaminação por ano no país”, afirmou Wendel.

Segunda classe

Para o hematologista Cármino Antonio de Souza, professor da Universidade de Estadual de Campinas e presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, o país está caminhando lentamente na disseminação do NAT.

“É preciso universalizar o teste no país e tornar obrigatório que toda bolsa de sangue seja testada. Os planos de saúde não são obrigados a pagar o NAT aos segurados que recebem transfusão. É um absurdo você ter um banco de sangue em que uma geladeira tem bolsas testadas pelo NAT e outra em que as doações não foram testadas. Isso cria pacientes de segunda classe”, afirmou o médico.


Para Souza, o risco calculado por Wendel “não pode ser considerado desprezível”. “É preciso levar em conta o número de doações feitas no País”. Em 2010, o Brasil começou a implementar o NAT nos bancos de sangue públicos, para a detecção dos vírus HIV e da hepatite C. A previsão do Ministério da Saúde era de que em março o teste estivesse disponível em toda a rede. Mas, em junho, o coordenador da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, informou que portaria sobre o tema só será publicada em novembro.

O Ministério da Saúde informou, por e-mail, que não houve atraso. “O teste NAT é implementado progressivamente nos Estados brasileiros. A republicação da portaria trará como obrigatório o teste em toda a rede de saúde do País: pública e privada”. Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Brasília e Minas Gerais são Estados que já fazem o teste.

Outros cinco serviços farão o exame ainda este ano - Ribeirão Preto (SP), Ceará, Paraná, Amazonas e Pará. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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