Brasil

Marinha aponta alta concentração de metais no Rio Doce

A pesquisa levou em conta amostras colhidas na foz do Rio Doce e no litoral norte do Espírito Santo pelo navio Vital de Oliveira, em novembro de 2015


	Rio Doce: no entanto, não foi possível confirmar a relação entre a contaminação e os rejeitos vazados na tragédia
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Rio Doce: no entanto, não foi possível confirmar a relação entre a contaminação e os rejeitos vazados na tragédia (Ricardo Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2016 às 20h16.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou, nesta quarta-feira (20), os resultados do estudo feito com a Marinha do Brasil sobre o impacto da lama de rejeitos que vazou no final do ano passado após o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG).

A pesquisa levou em conta amostras colhidas na foz do Rio Doce e no litoral norte do Espírito Santo pelo navio Vital de Oliveira, em novembro de 2015.

Foi constatada alta concentração de quatro metais pesados. No entanto, não foi possível confirmar a relação entre a contaminação e os rejeitos vazados na tragédia.

Na região marítima próxima à foz do Rio Doce, foi observada a presença de arsênio, manganês e selênio acima do limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Já na região de água doce foi encontrado excesso de manganês, selênio e chumbo. Em suas considerações finais, o relatório com os resultados sugere que os órgãos públicos competentes acompanhem “os impactos do acúmulo dos metais, principalmente aqueles em maiores concentrações".

Em nota, a Samarco informou que não teve acesso ao relatório da Marinha, mas destacou que a composição de seu rejeito não tem metais pesados.

A mineradora disse ainda que faz, desde o dia 7 de novembro de 2015, o monitoramento da qualidade da água e sedimentos em 118 pontos distribuídos ao longo da bacia do Rio Doce e no mar e também destacou um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) feito em dezembro de 2015.

A agência teria indicado que "no mesmo período em que a Marinha analisou o ambiente marinho, a qualidade da água do Rio Doce já se encontrava em condições semelhante aos padrões observados em 2010".

ICMbio

No início do mês, o Ministério Público Federal (MPF) divulgou os resultados de uma pesquisa feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que também apontava contaminação do mar e de animais marinhos no litoral do Espírito Santo.

A confirmação de altos níveis de arsênio, chumbo e cádmio levaram o procurador Jorge Munhós de Souza a recomendar a ampliação da área de proibição da pesca na foz do Rio Doce.

Os estudos do ICMBio também não permitiram afirmar com segurança que a contaminação era decorrente da chegada ao oceano dos rejeitos de mineração espalhados após o rompimento da barragem da Samarco.

Na ocasião, a mineradora disse que os estudos apresentados pelo ICMBio eram preliminares e não conclusivos.

“O que chama atenção até o momento é que os próprios pesquisadores não apontam uma relação entre os resultados encontrados e o episódio de Mariana.

Inclusive os metais encontrados não estão associados ao tipo de rejeito que havia na barragem”, disse o gerente de engenharia ambiental da Samarco Paulo Cezar de Siqueira.

Sigilo

Os resultados do estudo haviam sido considerados sigilosos pela Marinha e ficaram restritos por mais de três meses. Sua liberação ocorre após a organização não governamental (ONG) Transparência Capixaba anunciar que entraria com uma ação na Justiça para poder ter acesso ao documento.

"Pela Lei de Acesso à Informação, não há absolutamente qualquer motivo para que estas informações sejam consideradas sigilosas ou que envolvam a segurança nacional", disse ontem (19) o integrante da ONG Edmar Camata.

Apesar da queda do sigilo, a Marinha se recusou a fornecer o documento à reportagem, que foi obtido somente por meio do Ibama.

Nessa terça-feira (19), a ONG Transparência Capixaba havia criticado a dificuldade para se obter informações referentes aos desdobramentos do rompimento da barragem em Mariana.

"Desde que ocorreu a tragédia, há uma déficit de informação muito grande. Quando começamos a demandar alguns órgãos públicos, notamos que havia um conluio das empresas e dos governos para negar informação", disse.

A barragem do Fundão, no distrito de Bento Rodrigues em Mariana (MG), se rompeu no dia 5 de novembro de 2015 ocasionando a morte de 19 pessoas.

Considerada a maior tragédia ambiental do Brasil, o episódio também causou destruição de vegetação nativa e poluiu as águas da bacia do Rio Doce.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasMariana (MG)Samarco

Mais de Brasil

Chuvas fortes no Nordeste, ventos no Sul e calor em SP: veja a previsão do tempo para a semana

Moraes deve encaminhar esta semana o relatório sobre tentativa de golpe à PGR

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização