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Estratégia do PT leva país a dançar na beira do abismo, diz Ciro

Presidenciável do PDT disse que, caso o partido consiga eleger substituto de Lula, o país poderá, mais uma vez, "ter mais um presidente por procuração"

Ciro Gomes: "Então eu estou bajulando o eleitor do Lula? É claro que não" (Sergio Moraes/Reuters)

Ciro Gomes: "Então eu estou bajulando o eleitor do Lula? É claro que não" (Sergio Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 27 de julho de 2018 às 20h07.

São Paulo - A estratégia do PT de insistir até o final com a candidatura ao Palácio do Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva leva o Brasil a "dançar na beira do abismo", disse nesta sexta-feira o candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, durante entrevista à rádio BandNews FM.

Na avaliação do pedetista, a condenação de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro imposta a Lula pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), é "injusta" pois contraria a tradição do Direito brasileiro de condenar apenas com base em provas e não em indícios.

Ao mesmo tempo, ele negou que esse discurso buscasse "bajular" o eleitorado de Lula e criticou a insistência do PT na candidatura do ex-presidente, que deve ser impedido de concorrer por causa da Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados por órgãos colegiados da Justiça.

"Repare, essa é a minha opinião. Então eu estou bajulando o eleitor do Lula? É claro que não. Ato contínuo eu estou dizendo que o PT está fazendo uma estratégia que leva o país a dançar na beira do abismo", disse Ciro na entrevista.

"Porque, qual é a lógica? Se o senso comum, que até que está muito fortemente dentro PT, é que o Lula não pode ser candidato por uma lei que ele próprio criou, que é a Lei da Ficha Limpa, então, se o senso comum estiver correto, o que é que está em marcha no Brasil? Uma fraude. Uma fraude onde? Uma fraude na escolha da liderança do país", explicou.

O candidato do PDT disse ainda que, caso a estratégia petista dê certo, e o PT consiga eleger um substituto de Lula, o país poderá, mais uma vez, na visão dele, "ter mais um presidente por procuração".

"É isso que o país aguenta? Eu não posso concordar com isso", afirmou.

Ciro fez os comentários quando indagado sobre uma resposta que deu em entrevista neste mês a uma emissora de TV do Maranhão quando disse que somente sua chegada ao poder poderia tirar Lula da cadeia, pois ele garantiria que o Judiciário e o Ministério Público voltariam para suas respectivas "caixinhas" e o poder político seria assim restaurado.

Ele voltou a negar que a declaração implicou que, se eleito, determinaria a libertação de Lula.

"Eu não tenho a faculdade de soltar o Lula", disse Ciro.

Contas públicas

Na entrevista desta sexta, Ciro diagnosticou o rombo nas contas públicas como um dos principais problemas a ser combatido, e disse que, se tiver força política, poderá reverter esse desequilíbrio em 24 meses.

"Eu tenho condição, se eu tiver força política para isso, de virar o desequilíbrio fiscal brasileiro em 24 meses", disse. "Tem várias coisas para fazer. Tributação sobre lucros e dividendos, dá 54 bilhões (de reais). Tributação sobre herança, dá mais uns 40 bilhões (de reais). Ir para cima das renúncias fiscais", disse.

A meta de déficit primário deste ano é de 159 bilhões de reais.

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