RenovaBR: Nos últimos dias, a iniciativa ficou conhecida como com "fundo eleitoral do PIB", por contar com o apoio de nomes como o apresentador Luciano Huck (Talita Abrantes/Site Exame)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2017 às 12h24.
Última atualização em 16 de dezembro de 2019 às 19h24.
O empresário Eduardo Mufarej, presidente da Somos Educação e sócio da Tarpon Investimentos, lançou nesta sexta-feira, 6, o movimento RenovaBR, que segundo ele tem como objetivo a renovação da política brasileira.
Em evento no Google Lab, em São Paulo, o empresário explicou que a iniciativa tenta se contrapor ao establishment político nacional, que tem pouco interesse em se renovar. O RenovaBR, disse, é uma chance de mudar esse quadro em que a política é "hereditária".
"Quem tem vontade de se candidatar tem que abrir mão de um monte de coisa e a chance de dar errado é muito grande", disse. "Estamos focados em dar mais chances para quem quiser entrar na política possa dar certo".
Nos últimos dias, a iniciativa ficou conhecida como com "fundo eleitoral do PIB", por contar com o apoio de nomes como o apresentador Luciano Huck, o economista Armínio Fraga e o publicitário Nizan Guanaes. Mufarej, no entanto, desconversou sobre nomes e valores. Segundo ele, a lista de apoiadores não está fechada e a captação de recursos ainda não começou. Huck foi apresentado no momento apenas como um dos "endossadores" do projeto.
Segundo o empresário, os bolsistas serão escolhidos com base em critérios como combate à corrupção, gestão fiscal responsável e promoção da sustentabilidade. As inscrições começam neste sábado 7, e os bolsistas terão aulas de janeiro a junho de 2018. O valor da bolsa deve ser comparável aos programas de trainee.
Além de passarem por um currículo básico e de terem acesso a eletivas como segurança pública e matérias para desenvolvimento pessoal, os escolhidos também serão orientados sobre formação de equipe de campanha, busca de financiamento, estratégia de comunicação com os eleitores e marketing político.
Eles não receberão financiamento da RenovaBR e terão liberdade para escolherem seu partido, salientou o empresário. As duas únicas contrapartidas pedidas são: caso eleitos, prezarem pela transparência e cumprirem o mandato. Candidaturas ao Legislativo especialmente à Câmara dos Deputados, são as preferidas.
No evento, foram apresentados dois bolsistas, Daniel Oliveira, filiado ao Novo, e Alessandra Monteiro, integrante da Rede. "Se a gente não criar espaços e projetos como o Renova, que ajudam a transpor a "filhocracia", fica muito difícil ter esperança de que as coisas mudem", disse Alessandra, que disputou as eleições de 2016 em Alto Tietê, no interior do Estado.
O RenovaBR não tem agenda nem vai defender questões políticas específicas, disse Mufarej, no lançamento deste movimento.
Segundo o presidente da Somos Educação, a ideia é se focar na formação de novas lideranças e deixar que elas próprias se posicionem. "A gente não é um movimento político com agenda, não vamos pautar. O RenovaBR não acha nada", disse o empresário após a apresentação.
Questionado sobre a reação da classe política, que acusou o projeto de ser uma forma de dissimular um financiamento de campanha, Mufarej disse esperar que o lançamento oficial da iniciativa ajude a esclarecer o mal-entendido. "Com o lançamento fica claro que não tem nenhuma vinculação com financiamento eleitoral", disse.
Na terça-feira, o deputado Jorge Solla (PT-BA) pediu à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, uma investigação sobre o fundo. Solla avalia que "há fortes indícios de que o grupo empresarial se organizou para burlar a lei" que impede o financiamento eleitoral por parte de pessoas jurídicas.
Chamada de "Fundo Cívico", a ideia é proporcionar bolsas de estudo para pessoas interessadas em se candidatar ao Legislativo nas eleições de 2018. O valor das bolsas varia de R$ 5 a R$ 8 mil.