Brasil

Está mais do que na hora de revisar foro, diz desembargador

Presidente do TRF4, Thompson Flores, afirmou que o Brasil precisa também enfatizar a punição a crimes de obstrução da Justiça e perjúrio

TRF4: Flores declarou também que as instâncias judiciais estão, "com toda certeza", preparadas para a mudança no foro (Divulgação/Divulgação)

TRF4: Flores declarou também que as instâncias judiciais estão, "com toda certeza", preparadas para a mudança no foro (Divulgação/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 16h54.

São Paulo - O presidente do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, defendeu nesta sexta-feira, 23, em São Paulo, a redução do foro privilegiado. Em palestra na Câmara Americana de Comércio (Amcham) em São Paulo, Thompson Flores afirmou que o Brasil precisa também enfatizar a punição a crimes de obstrução da Justiça e perjúrio (juramento falso).

"Temos de começar a examinar crimes de obstrução da Justiça, de perjúrio; está mais do que na hora de revisar o foro privilegiado", disse ele, ao defender o fim da prerrogativa também para juízes, além de políticos com mandato. Afirmou ainda que o crime de perjúrio, quando há falso testemunho perante juízo, "não é levado muito a sério".

Thompson Flores declarou também que as instâncias judiciais estão, "com toda certeza", preparadas para a mudança no foro por prerrogativa de função.

"A Operação Lava Jato é prova disso", declarou, ao afirmar que o TRF-4 já recebeu 911 processos da investigação e que apenas 2% deles foram reformados em instâncias superiores. Dos que foram revisados, observou, a maioria se trata de prisões preventivas."Os processos da Lava Jato estão tendo um prazo, digamos assim, não rápido demais, o que poderia comprometer o direito de defesa do acusado, dos investigados, e também não demasiadamente demorado, o que poderia dar noção de impunidade", alegou.

Recursos

Presidente de um tribunal de segundo grau, o desembargador disse que o sistema de recursos no Brasil é muito "generoso" em comparação com outros países. "Poucos países como o Brasil possuem um sistema de recursos tão generoso. O acesso à Justiça aqui é de uma generosidade poucas vezes vista em qualquer outro país", acredita.

Comparando a situação do Brasil com a dos Estados Unidos, Thompson Flores acha que a Constituição brasileira é "prolixa" e "permite uma interpretação muito grande". O TRF-4 é a instância de segundo grau à qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu e tentou reverter decisão do juiz Sérgio Moro, que o condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato. A 8.ª turma do Tribunal Regional confirmou a condenação em janeiro e agora julga uma nova apelação de Lula, denominada de embargo de declaração.

Na palestra, o presidente do TRF-4 admitiu que o Brasil tem muito a aprender com o caso Watergate, nos EUA, escândalo político que culminou com a renúncia do presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, em 1974. "Ali, começou-se pela primeira vez a identificação do crime de obstrução da Justiça, que é algo que agora estamos começando a conhecer na realidade brasileira", citou.

Acompanhe tudo sobre:JustiçaPolíticosTRF4

Mais de Brasil

INSS recebe 1,84 milhão de pedidos de devolução de descontos em uma semana

Marina Silva diz ter 'total discordância' com propostas que flexibilizam regras ambientais

Senador petista diz que 'não cogita' retirar apoio à CPI do INSS: 'Consciência muito tranquila'

Alcolumbre confirma sessão do Congresso e leitura de requerimento para instalação da CPI do INSS