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Está doendo, diz petista que votou pela prisão de Delcídio

"Foi duro, mas foi acertada a nossa posição", disse Walter. "De fato, está doendo até agora", respondeu Paim, ao acrescentar à mensagem um coração partido


	O senador Delcídio Amaral (PT-MS): Paim, que também defendeu a votação aberta para decidir o futuro do colega, definiu o clima no Senado de "tristeza e constrangimento"
 (Geraldo Magela/ Agência Senado)

O senador Delcídio Amaral (PT-MS): Paim, que também defendeu a votação aberta para decidir o futuro do colega, definiu o clima no Senado de "tristeza e constrangimento" (Geraldo Magela/ Agência Senado)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2015 às 15h41.

Brasília - Em troca de mensagens por um aplicativo de telefone, os senadores petistas Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA) mostraram-se consternados mesmo depois de terem votado pela manutenção do colega de partido e líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (MS), preso após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Paim e Pinheiro foram os únicos petistas que contrariaram a orientação da bancada e defenderam que Delcídio deveria permanecer em detenção preventiva durante votação ontem à noite no plenário do Senado.

"Foi duro, mas foi acertada a nossa posição", disse Walter. "De fato, está doendo até agora", respondeu Paim, ao acrescentar à mensagem um coração partido.

Por 59 votos a favor, 13 contra e uma abstenção, os senadores entenderam numa votação aberta que Delcídio tem de permanecer preso. Ele é suspeito de tentar evitar que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró o implicasse numa delação premiada da Operação Lava Jato.

No dia seguinte à votação, o senador gaúcho disse que "não tinha alternativa" que não a manutenção da pena do colega de bancada diante das evidências reveladas pela documentação encaminhada pelo Supremo ao Senado.

"Ninguém aqui contestou o dossiê, infelizmente é lamentável o documento que chegou aqui, ficamos constrangidos e perplexos", disse ele, ao destacar que a Casa não queria criar obstáculos para que o Supremo realizasse as investigações.

Paim, que também defendeu a votação aberta para decidir o futuro do colega, definiu o clima no Senado de "tristeza e constrangimento".

Um dos raros senadores na Casa hoje, o petista sugeriu que Delcídio se licencie por 120 dias do mandato de senador para se defender. "Por mais duro que a gente seja numa hora dessas, é legítimo o direito dele de defesa", disse.

O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), não apareceu ainda na Casa e está em conversas com aliados para discutir o que fazer com o caso envolvendo o petista - ele poderia mandar, por conta própria, um pedido para o Conselho de Ética, como acaba de sugerir o PSDB.

O senador gaúcho disse que pedirá até o final do ano a desfiliação do PT, mas afirmou que só vai decidir um novo partido em 2016. Disse que o caso envolvendo Delcídio não influenciou sua decisão.

Um ex-petista, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), também votou pela manutenção da prisão do colega e definiu assim o espírito da Casa: "Não é bom, mas é um sensação de dever cumprido".

Ele defendeu que o Senado aprecie logo o futuro de Delcídio. "Acho que está claro que ali houve um grave ato de quebra de decoro".

Contudo, Cristovam acredita ser difícil resolver o caso até o fim deste ano. Ele teme, contudo, que a demora possa favorecê-lo.

"Vai passar o Natal, o carnaval, espero que não termine esmorecendo o sentimento", disse. "A gente tem que fazer o mais rápido possível, respeitando os ritos".

Em discurso no plenário, a senadora Ana Amélia (PP-RS), que também votou por manter preso o colega, ressaltou a força das instituições, numa comparação com a Venezuela.

"Nós tivemos ontem uma sessão histórica, podemos ir para a casa com a certeza do dever cumprido e que contribuímos com o nosso voto para que as instituições saíssem fortalecidas, especialmente o Senado da República", destacou.

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