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Esquema serviu a projeto de poder do PT, diz Ayres Britto

Com a posição do presidente, Dirceu obteve oito votos pela condenação, contra dois de absolvição. José Genoino, ex-presidente do PT


	Ministro Carlos Ayres Britto: ministro chamou Rogério Tolentino de "advogado e parceiro mercantil" de Marcos Valério e Simone de "sua tesoureira"
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Ministro Carlos Ayres Britto: ministro chamou Rogério Tolentino de "advogado e parceiro mercantil" de Marcos Valério e Simone de "sua tesoureira" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2012 às 20h27.

Brasília - O presidente do STF, ministro Ayres Britto, afirmou nesta quarta-feira, ao condenar ex-ministro José Dirceu e os chamados núcleos político e publicitário por corrupção na ação penal do chamado mensalão, que o esquema serviu para manter um projeto de poder do PT.

Com a posição do presidente, Dirceu obteve oito votos pela condenação, contra dois de absolvição. José Genoino, ex-presidente do PT, teve nove votos pela condenação e apenas um pela absolvição.

O ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, além da funcionária Simone Vasconcelos, foram condenados por unanimidade pela Corte.

Geiza Dias, funcionária de uma agência de Valério, e o -ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto foram inocentados por Ayres Britto, que ainda condenou o ex-advogado de Valério, Rogério Tolentino.

Em seu voto, o presidente da Corte afirmou que Dirceu teve papel central, de organizador, do esquema de compra de apoio parlamentar e, no governo, era "plenipotenciário".

"(Dirceu) Era de fato o primeiro-ministro do governo instalado a partir de 2003... Ele deixa claro (em seu depoimento) que tudo passava pelas mãos dele", afirmou o ministro.


"José Dirceu não fazia relatórios, alguém fazia relatórios para ele", completou.

Para o presidente da Corte, o esquema serviu para manter um projeto de poder do PT, que ia "muito além de um quadriênio quadruplicado". O esquema de compra de apoio parlamentar ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi revelado em 2005.

Sobre Marcos Valério, indicado como o operador do esquema, Ayres afirmou que era "praticamente impossível não saber que lidar com ele era participar de um sofisticadíssimo esquema de corrupção ou de, no mínimo, lavagem de dinheiro".

Ayres chamou Rogério Tolentino de "advogado e parceiro mercantil" de Marcos Valério e Simone de "sua tesoureira".

Ao votar pela condenação de José Genoino, Ayres disse ainda que ele participou dos atos, mesmo tendo papel menor do que outros integrantes.

"O papel de centralidade de José Genoino está abaixo do papel de centralidade de José Dirceu." ESTILO POLÍTICO Ayres Britto, assim como os demais ministros, fez uma longa explanação sobre o esquema, que provocou a pior crise do governo Lula.

"Este estilo de fazer política é que o ordenamento político brasileiro excomunga", disse ele, chamando ainda de "catastrófico modo de fazer política partidária".

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