Lava Jato: nova fase da operação contou com lobistas do PT e do MDB e gerou pelo menos R$ 20 milhões em propinas (Marcos Santos/Agência USP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de abril de 2018 às 13h54.
Última atualização em 12 de abril de 2018 às 20h35.
Rio - O esquema de desvio de verbas de fundos de pensão desbaratado pela Polícia Federal, e que motivou a Operação Rizoma, nova fase da Lava Jato no Rio, desencadeada nesta quinta-feira, 12, contou com lobistas do PT e do MDB e gerou pelo menos R$ 20 milhões em propinas.
Investiga-se o envolvimento de membros dos fundos dos Correios (Postalis) e Serviço Federal de Processamento de dados (Serpros). As informações são de integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Estado.
O cabeça era o empresário Arthur Machado, CEO da Americas Trading Group, e a prática, que vigora ao menos desde 2011, segundo o Ministério Público Federal, foi descoberta em colaboração premiada espontânea.
Os investigadores descobriram que o dinheiro gerado pelas práticas criminosas do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) - preso em 2016 - movimentou também este esquema. Os doleiros utilizados pelos dois grupos coincidem. Não há indício de que Cabral tenha sido beneficiado desta vez.
O dinheiro foi lavado não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos e na China. Nesta manhã, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão.
Outras quatro pessoas deverão se entregar - a PF está em contato com seus advogados. Os crimes investigados são corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, inclusive fora do País, e crime contra o sistema financeiro nacional.
Segundo o procurador da República Eduardo El Hage, coordenador da Lava Jato no Rio, o esquema causou prejuízos não só aos pensionistas dos fundos, mas também à economia brasileira. "Seria muito saudável para a economia brasileira se os critérios dos investimentos dos fundos de pensão fossem técnicos", afirmou.
"Mas o que ocorreu no Brasil por muito tempo foi que partidos políticos indicaram pessoas para os fundos, e esses fundos escolhiam empresas com rating muito baixos, faziam aportes volumosos e depois havia cobrança de propina."
Nota de EXAME
A defesa de Arthur Machado e Patricia Iriarte enviou a seguinte nota a EXAME:
"A defesa de Arthur Pinheiro Machado e de Patricia Iriarte refuta, de forma veemente, qualquer relação entre os empresários e atos ilícitos. Informa que ambos sempre agiram no mais absoluto respeito à legislação e que não compactuam com práticas ilegais."