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Esquema de Dirceu movimentou R$ 59 mi em propinas, afirma PF

Ex-ministro foi indiciado nesta terça pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro


	José Dirceu: de acordo com o relatório de investigação da PF, o ex-ministro "capitaneava quadrilha"
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

José Dirceu: de acordo com o relatório de investigação da PF, o ex-ministro "capitaneava quadrilha" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2015 às 19h39.

Brasília - Relatórios de investigação da Polícia Federal indicam que o esquema de corrupção atribuído ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu movimentou mais de R$ 59 milhões em propinas. A PF estima que o valor pode ultrapassar os R$ 84 milhões.

O ex-ministro foi indiciado nesta terça-feira, 1, pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Além dele, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outros 12 investigados na Operação Pixuleco - desdobramento da Lava Jato - foram enquadrados pela PF.

"Esta fase da operação se concentrou na investigação de pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o Poder Público, alcançando beneficiários finais e 'laranjas' utilizados nas transações", destaca a Polícia Federal.

Influência

De acordo com o relatório de investigação da PF, o ex-ministro 'capitaneava quadrilha'. Segundo o documento subscrito pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, da força-tarefa da Operação Lava Jato, Dirceu não perdeu influência mesmo depois de perder a cadeira de ministro mais poderoso do governo Lula, em 2005, no auge do escândalo do Mensalão.

"Observa-se portanto que o fato de ter deixado o posto de ministro da Casa Civil e a cassação do mandato de deputado federal não serviram para retirar do investigado José Dirceu todo o poder político que o mesmo angariou no primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo o homem forte do primeiro mandato", assinala a PF no relatório em que indicia o ex-ministro, Vaccari e mais 12 investigados por corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsidade ideológica.

A PF invoca a ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) em seu voto no julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão). "O dinheiro é para o crime o que o sangue é para a veia. Se não circular com volume e sem obstáculo, não temos esquemas como esse", disse a ministra, na ocasião.

"E aqui no presente caso o que se observa é que o dinheiro jorra abundante, seja pelas artérias da Petrobras, seja por meio de pequenos vasos sanguíneos irrigando toda sorte de 'pequenos' corruptos", afirmou o delegado.

O ponto central da investigação que culminou com o enquadramento penal de Dirceu é sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, que movimentou R$ 34 milhões entre 2009 e 2014.

A PF suspeita que o maior volume desses recursos tenha tido origem em pagamentos de empreiteiras para as quais Dirceu abriu as portas, inclusive, na Petrobras.

A PF ressalta que "sequer o fato de responder à ação penal do Mensalão, na condição de réu junto ao Supremo (Tribunal Federal), lhe retirou os clientes das vultosas consultorias vazias. É possível identificar, até aqui, o recebimento, por José Dirceu e outros membros da quadrilha por ele capitaneada."

Em um trecho do relatório de indiciamento, a PF destaca a ligação do ex-ministro com empresário Fernando Moura, lobista ligado ao PT.

Também cita o delator Milton Pascowitch, pivô da Operação Pixuleco, que levou Dirceu para a prisão no dia 3 de agosto - Pascowitch denunciou o esquema de propinas supostamente liderado por Dirceu.

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