Brasil

Esquema de deputados fez da Alerj uma "propinolândia", diz procurador

Investigações mostram que esquema movimentou R$ 54,5 milhões em pagamentos de propinas durante a gestão de Cabral, entre 2011 e 2014

Alerj: foram detectados loteamentos de cargos principalmente do Detran do Rio (Agência Brasil/Agência Brasil)

Alerj: foram detectados loteamentos de cargos principalmente do Detran do Rio (Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 14h00.

Rio de Janeiro — O esquema de corrupção investigado na Operação Furna da Onça, e que envolve pelo menos dez dos 70 deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), movimentou R$ 54,5 milhões em pagamentos de propinas durante o segundo mandato do ex-governador Sergio Cabral (MDB), entre 2011 e 2014, informaram a Procuradoria da República e a Polícia Federal nesta quinta-feira, 9.

Foram detectados loteamentos de cargos principalmente do Detran do Rio - o deputado Paulo Melo (MDB) tinha tanto domínio no órgão que era considerado "o rei do Detran".

Os "mensalinhos" ficavam entre R$ 20 mil e R$ 900 mil - o maior valor foi detectado no caso de Paulo Melo. Os investigadores acreditam que este era tão alto porque ele redistribuiria pagamentos para outros deputados.

A distribuição de cargos entre pessoas indicadas pelos parlamentares demonstrou, segundo o procurador da República Carlos Aguiar, que "esses personagens lotearam o Estado do Rio, transformaram o Estado em fatias de bolo para viabilizar seus interesses políticos.

"Não por acaso temos corrupção em diversas agências do Detran. A Alerj se transformou numa propinolândia", disse Aguiar, ao explicar os mecanismos do esquema.

As investigações apontaram também que o deputado Chiquinho da Mangueira (PSC) usou dinheiro de corrupção para custear carnaval da sua escola de samba, num total de R$ 3 milhões em 2014 - ele é presidente da Mangueira.

O procurador Carlos Aguiar explicou que dessa vez as prisões de deputados não serão submetidas ao plenário da Alerj - no ano passado, quando foram presos Melo, Jorge Picciani (MDB) e Edson Albertassi (MDB), as prisões foram revertidas por votação da Casa. Posteriormente eles foram detidos novamente.

Dos 22 mandados expedidos nesta quinta, só dois não foram cumpridos, contra o ex-presidente do Detran Vinicius Farah, deputado federal recém-eleito pelo MDB, e o atual presidente, Leonardo Jacob - eles são considerados foragidos, segundo a PF.

Acompanhe tudo sobre:Polícia FederalRio de JaneiroSérgio Cabral

Mais de Brasil

Explosões em Brasília são investigadas como ato terrorista, diz PF

Sessão de hoje do STF será mantida mesmo após tentativa de atentado

Moraes diz que tentativa de atentado em Brasília não é um fato isolado

Moraes autoriza buscas em endereços associados a homem morto em tentativa de atentado