Brasil

Esquema de corrupção no FI-FGTS era organizado, afirma delator

Executivo contou que foi indicado para a Caixa pelo ex-deputado Eduardo Cunha e lá ficou de 2011 a 2015.

Caixa: ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto delatou esquema (Caixa/Divulgação)

Caixa: ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto delatou esquema (Caixa/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de agosto de 2017 às 11h08.

São Paulo - A delação do ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto traz bastidores que mostram como os trâmites com o dinheiro do trabalhador foram politicamente comprometidos e tecnicamente fragilizados por um organizado esquema de corrupção.

O executivo contou que foi indicado para a Caixa pelo ex-deputado Eduardo Cunha e lá ficou de 2011 a 2015. Sua tarefa era votar conforme a orientação do padrinho no Comitê de Investimento do FI, que decide o rumo do dinheiro após o aval da área técnica. Toda terça-feira, às 7h30, ele se reunia com Cunha para receber orientações sobre quais negócios deveria aprovar ou não - e deu detalhes das transações.

Relatou ter trabalhado para viabilizar a proposta da ex-LLX, de Eike Batista, hoje Prumo Logística. O projeto seria bom para o Porto Maravilha, mas tinha problemas nas garantias. Ele pessoalmente ajudou a reorganizar a proposta para que pudesse passar. A LLX recebeu R$ 750 milhões do FI - e teria rendido R$ 6 milhões em propina.

A Brado Logística, do Grupo ALL, foi um incômodo. Membros do comitê ligados a sindicatos queriam vetar o dinheiro porque a empresa teria pendência com funcionários demitidos. Aprovado, o grupo ligado ao esquema, segundo Cleto, ficou com 0,5% dos R$ 400 milhões liberados à Bravo.

Cunha também o orientou a votar contra. Foi assim com o investimento de R$ 2,5 bilhões na Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a construção e venda de navios sondas para o pré- sal. Segundo Cleto, a operação era muito ruim, cheia de riscos e sem garantias adequadas. Por orientação do governo, porém, deveria ser aprovada em favor da Petrobrás. Cleto diz ter recebido a ordem de votar contra, não por causa da baixa qualidade do projeto, mas porque Cunha não queria que o governo saísse vencedor. O Comitê votou como o governo pediu. A Sete Brasil deu R$ 1 bilhão de prejuízo ao FI-FGTS.

Defesas

O advogado Bruno Espiñeira, que defende Funaro, afirmou que não ia se manifestar. O criminalista Délio Lins e Silva Junior, que cuida da defesa de Cunha, disse que o ex-deputado "nega qualquer participação nos fatos e demonstrará isso na ação penal já existente sobre o assunto". Fernando Martins, que atua na defesa de Eike, disse que ele tem prestado todas as informações solicitadas. Eike já foi, inclusive, chamado a testemunhar em defesa de Funaro, mas seguindo orientação do advogado exerceu o direito de ficar em silêncio.

Para Salles Vanni, defensor de Cleto, a "delação dele é espontânea e extremamente efetiva, pois tudo o que disse está sendo confirmado pelas investigações".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CaixaCorrupçãoFGTS

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP