Eduardo Bolsonaro: filho de Jair Bolsonaro disse que bastariam "um soldado e um cabo" para fechar o Supremo Tribunal Federal (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de outubro de 2018 às 12h08.
Última atualização em 22 de outubro de 2018 às 12h12.
São Paulo - O ex-Advogado Geral da União Luís Inácio Adams disse esperar que a fala de Eduardo Bolsonaro sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) não seja refletida na atuação do parlamentar eleito. "Espero que seja uma frase infeliz dele no momento, mas que não se reproduza na (sua) atuação. Eleito democraticamente, ele tem de respeitar a democracia e a diferença de opinião", disse Adams.
Vídeo gravado em julho passado, mas que veio à tona somente agora, mostra Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável do PSL, respondendo a pergunta sobre uma hipotética ação do Exército caso de o STF tente impedir seu pai de assumir a Presidência. Segundo o deputado mais votado em São Paulo nas eleições para a Câmara dos Deputados neste pleito, bastariam "um soldado e um cabo" para fechar o Supremo.
De acordo com Adams, a frase imprópria acaba demonstrando um debate político acirrado. Entretanto, o ex-AGU disse não crer "que este tipo de visão deva se implementar. Porque isso geraria uma reação forte da sociedade".
Para Adams, a fala de Eduardo desrespeita as instituições e vai na contramão do seu papel de parlamentar eleito democraticamente. "O Brasil tem 30 anos de uma Constituição que tem demonstrado ser capaz de lidar com muitas crises. Dois processos de impeachment e crise econômica. É uma Constituição que garantiu um largo período democrático neste País. Por ser um parlamentar eleito democraticamente, ele não pode exercer isso. Ele tem de respeitar, até para poder respeitar a própria instituição que ele integra. O parlamentar, mais do que todos, tem de zelar pelo exemplo às instituições brasileiras, seja o Judiciário, Executivo ou Congresso", acrescentou.