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Escritório de compadre de Lula é investigado na Lava Jato

Escritório, do qual fazem parte os advogados que representam Lula em processos da Lava Jato e Zelotes, recebeu cerca de 68 milhões de reais da Fecomércio-RJ

Lula: o escritório do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente, será investigado pela força-tarefa da Lava Jato após a prisão do presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz (Ueslei Marcelino/Reuters)

Lula: o escritório do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente, será investigado pela força-tarefa da Lava Jato após a prisão do presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 17h56.

O escritório do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será investigado pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro após a prisão nesta sexta-feira do presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, Orlando Diniz, acusado de diversos crimes como desvio de recursos, lavagem de dinheiro e de gastar 180 milhões em honorários advocatícios.

O escritório Teixeira Martins & Advogados, do qual também fazem parte os advogados Cristiano Zanin Martins e Waleska Teixeira Zanin Martins, que representam Lula em processos da Lava Jato e Zelotes, recebeu cerca de 68 milhões de reais em honorários da Fecomércio-RJ, quantia que chamou a atenção dos investigadores.

Paralelamente, os procuradores descobriram na Operação Jabuti, realizada nessa sexta-feira, que outro escritório, o de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, recebeu 20 milhões de reais por serviços supostamente não prestados.

O escritório dela, alvo de outras operações da Lava Jato, teria sido usado no governo de Cabral para lavar dinheiro do esquema de propina e corrupção.

"Vamos ampliar a investigação para saber se a atividade de advogado foi efetivamente prestada pelo escritório (de Roberto Teixeira), se houve prática ilícita... vamos procurar saber que tipo de serviço foi prestado para justificar um pagamento de 68 milhões", disse o procurador Felipe Bogado.

Por conta dessa nova operação, Cabral será novamente denunciado pelo MPF pela prática de corrupção passiva uma vez que o ex-governador, que está preso no Paraná, teria ajudado Diniz na lavagem de dinheiro desviado. Cabral e aliados em troca nomearam para cargos na Fecomércio-RJ funcionários fantasmas batizados de "jabutis" que custaram quase 8 milhões de reais desde 2007.

Procurado, o escritório Teixeira Martins disse que atende a Fecomércio-RJ desde 2011 e que tomará medidas diante das divulgações feitas nesta sexta pelo Ministério Público Federal, que afirmou ter sido manipulada.

"Todos os valores recebidos pelo Teixeira, Martins & Advogados a título de honorários advocatícios foram contabilizados e os impostos foram recolhidos", afirmou o escritório por meio de sua assessoria de imprensa.

"A relação entre cliente e advogado é protegida por sigilo legal, inclusive em relação aos termos da contratação. O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, além de não ter atribuição legal para promover qualquer investigação sobre os termos ou valores da contratação entre o Teixeira, Martins & Advogados e a Fecomércio-RJ, jamais poderia ter dado publicidade a esses dados, como ocorreu na data de hoje. Aspectos relativos à contratação foram manipulados. O escritório tomará todas as medidas necessárias para coibir o abuso", acrescentou.

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