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Escolas não percebem o bullying, diz estudo

Segundo pesquisadora, alguns atos de violência praticados não são percebidos pelos supervisores pedagógicos

Em geral, supervisores limitam-se a considerar como violência os danos físicos  (Stock.XCHNG)

Em geral, supervisores limitam-se a considerar como violência os danos físicos (Stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2012 às 11h54.

São Paulo - Alguns atos de violência praticados na escola não são percebidos pelos supervisores pedagógicos. Esse foi um dos resultados da pesquisa realizada pela enfermeira Michelly Rodrigues Esteves em seu mestrado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.

O estudo avaliou seis escolas urbanas públicas de ensino médio do município de Alfenas (MG) que, juntas, somam aproximadamente 4 mil alunos, entre fevereiro e março de 2011. A pesquisa ressalta a necessidade de novas estratégias voltadas à orientação de alunos, funcionários, familiares e da comunidade para o enfrentamento da violência que ocorre no âmbito escolar.

Michelly entrevistou nove supervisores pedagógicos nessas escolas e questionou as ações assumidas para o enfrentamento da violência. Eles informaram que cada uma das escolas busca estratégias próprias, como: advertência verbal ou escrita, comunicação de pais ou responsáveis e, quando necessário, contato com o Conselho Tutelar, Guarda Municipal e até com a Promotoria Pública.

No período da coleta de dados, a segurança das escolas era realizada pela Guarda Municipal, mais especificamente, pela Ronda Escolar. Entretanto, Michelly comenta que a assistência não ocorria da mesma maneira em todas as escolas, fato que pode se justificar pela existência, na época, de apenas um Guarda Municipal para realizar a cobertura de todas as unidades de ensino.

Quanto ao Conselho Tutelar e à Promotoria Pública, a pesquisadora verificou que os supervisores não reconhecem a efetividade de ambos, uma vez que as escolas se sentem obrigadas, por imposição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a receber nas salas de aula os alunos infratores. Ao mesmo tempo, porém, essas escolas não têm acompanhamento para a prevenção de reincidências de casos, o que, segundo ela, torna qualquer ação apenas paliativa.

Família

A pesquisadora ouviu dos supervisores, nas diferentes abordagens, referência à “necessidade primordial de que os pais sejam mais conscientes em relação aos filhos, participando mais ativamente da realidade escolar”.


Com relação às manifestações de violência, os supervisores geralmente limitam-se aos danos físicos e deixam de perceber determinados atos como violentos, comenta Michelly.

“Grande parte dos supervisores referiu as discussões entre alunos, as quais envolvem professores, em determinadas situações. Mas, essas discussões foram relatadas por tais sujeitos como algo natural, justificável pelas divergências natas entre seres humanos ou, até mesmo, pela adolescência, fase do desenvolvimento em que os alunos se encontram”.

Como resultado de seu trabalho, ela afirma que cada setor faz o que está ao seu alcance, dentro do seu conhecimento e de suas possibilidades, sem a certeza de que esteja fazendo o melhor. Mas, para enfrentar a violência, a pesquisadora alerta que é necessário desde a intervenção em violências cotidianas vividas pelas escolas, a conscientização dos profissionais, dos familiares e da comunidade, até as políticas públicas educacionais, destacando a relevância da atuação em rede.

“A atuação conjunta dos setores saúde e educação é vislumbrada para o enfrentamento da violência. As universidades desempenham inúmeros projetos de extensão nas escolas, os quais são acolhidos e desejados pelas mesmas. Essa parceria é considerada fundamental para que os alunos almejem uma profissão”, comenta a pesquisadora.

Ela recomenda a interação das escolas com os pais e com a comunidade, já que a atuação conjunta dos diversos setores envolvidos com as escolas pode promover a proteção das mesmas, de seus alunos e de seus profissionais, reduzindo as manifestações de violência.

O mestrado Um olhar sobre a rede social no enfrentamento da violência escolar nas instituições de ensino médio de Alfenas-MG foi defendido no curso de Pós-Graduação de Enfermagem em Saúde Pública, em fevereiro de 2012, sob orientação da professora Maria das Graças Bomfim de Carvalho.

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