3. Rio de Janeiro (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2011 às 21h20.
Rio de Janeiro - A corrida contra o tempo das escolas de samba atingidas pelo incêndio de ontem na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, começa amanhã. A Acadêmicos do Grande Rio, agremiação que perdeu 98% das fantasias e todos os carros alegóricos, pretende refazer 3 mil fantasias e reconstruir até três carros alegóricos para o desfile.
A União da Ilha inicia, na próxima semana, os trabalhos para recuperar as 3.200 fantasias perdidas. Também prejudicada, a Portela vai manter todas as atividades que havia programado para esta semana. A Prefeitura do Rio divulgou que ajudará as escolas com R$ 3 milhões - sendo R$ 1,5 milhão para a Grande Rio e R$ 750 mil para Portela e União da Ilha. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) divulgou via twitter, no fim da tarde de hoje, que três empresas já haviam doado metade desse valor. Ao longo do dia, os bombeiros ainda apagaram pequenos focos de incêndio nos barracões.
"Não perdemos nenhuma vida e isto já é uma dádiva. No entanto, perdemos, além das nossas fantasias, todo o acervo da escola, que incluía desde troféus até vídeos e fotos dos antigos carnavais", lamentou o carnavalesco da Grande Rio, Cahê Rodrigues. Segundo ele, a escola, que foi vice-campeã no carnaval passado, vai mostrar que não é apenas "agremiação dos artistas" e apostará na força da comunidade na avenida.
Com carnaval orçado em R$ 10 milhões, os diretores avaliam que o prejuízo com o incêndio foi na mesma proporção. Este ano a escola apresentará o enredo "Y-Jurerê Mirim, a encantadora Ilha das Bruxas", em homenagem à Florianópolis (SC). Os trabalhos vão acontecer no barracão 7, cedido pela União da Ilha.
Para ajudar no trabalho de reconstrução do desfile, a prefeitura da cidade catarinense pretende organizar um show com artistas de todo o País, com a renda sendo destinada para a Grande Rio. "Se a gente arrecadar uns R$ 300 mil, já dá para pagar a reconstrução de pelo menos um carro alegórico", explicou o secretário municipal de Turismo de Florianópolis, Marcio José Pereira de Souza. "A cidade ficou de luto em razão do episódio, por conta da expectativa que tínhamos com a homenagem que vamos receber".
Ajuda
Além do show, Florianópolis também está se mobilizando para ajudar com infraestrutura. Escolas de samba locais se reuniram ontem e devem disponibilizar costureiras para colaborar no esforço de reconstrução das fantasias queimadas, segundo Souza. Ainda não há um planejamento para isso, mas a ideia dos catarinenses é de que parte dos desenhos das roupas destruídas seja enviada para as agremiações locais, que montariam as peças e depois as enviariam para o Rio.
Com a retomada do trabalho prevista para a próxima semana em uma tenda de 900 metros quadrados, a União da Ilha pretende reconstruir um carro alegórico e confeccionar 3.200 fantasias. O prejuízo estimado foi de R$ 3 milhões. "Vamos redesenhar essas fantasias de forma mais simples. E com materiais como lycra, que são mais fáceis de encontrar no mercado, pois não podemos contar que os fornecedores tenham estoques suficientes", revelou o diretor de carnaval da agremiação, Márcio André Merhy de Souza.
Das 32 alas, 11 não tiveram suas fantasias afetadas, pois são confeccionadas em ateliês fora da Cidade do Samba. As roupas do casal de mestre-sala e porta-bandeira, avaliadas em R$ 120 mil, também escaparam da destruição. "Mas toda a roupa e equipamento importado da nossa comissão de frente foram incendiados. Um prejuízo de R$ 300 mil", lamentou o diretor da União da Ilha.
Ingresso
Além das escolas afetadas pelo fogo, o trabalho foi prejudicado nos barracões da Vila Isabel e da Porto da Pedra, que passaram o dia sem energia elétrica. A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) anunciou que, mesmo com a alteração na programação dos desfiles, não haverá troca de ingressos.
Como as três escolas afetadas pelo incêndio estavam programadas para desfilar na segunda-feira, a Liesa mudou a data da apresentação da Portela para domingo, numa troca com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Os torcedores das agremiações poderão pedir ressarcimento.
"Não acredito que haverá grande procura (pelo ressarcimento). O público verá que este será o carnaval da emoção. As comunidades estão feridas e vão se esforçar para fazer o melhor possível. Talvez não seja o carnaval da beleza plástica, mas com certeza terá muito samba no chão", disse o diretor de Carnaval da Liesa, Elmo José dos Santos.