Luiza Erundina: "estou propondo uma agenda mais à esquerda" (Agência Câmara)
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2014 às 14h20.
São Paulo - A ex-prefeita de São Paulo e deputada Luiza Erundina se colocou à disposição nesta segunda-feira para ser a candidata à vice-presidente pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) em uma possível chapa liderada por Marina Silva, mas condicionou o apoio a adoção de uma agenda "mais à esquerda e menos ambígua" por parte da ex-ministra do Meio Ambiente.
"Estou propondo uma agenda mais à esquerda, uma posição menos ambígua em alguns temas como distribuição de renda, reforma tributária e democratização dos meios de comunicação", disse Erundina em entrevista concedida à Agência Efe.
Prefeita de São Paulo pelo PT entre 1989 e 1993, Erundina, de 80 anos, é um dos quadros mais representativos do PSB, que anunciará na quarta-feira quem será o candidato da chapa após a morte de Eduardo Campos em um desastre aéreo.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha e divulgada hoje, Marina Silva aparece com 21% dos votos, contra 20% de Aécio Neves, do PSDB, e 36% de Dilma Rousseff, do PT.
"Acho que a pesquisa é um reflexo da comoção da consciência coletiva do povo brasileiro. Eduardo Campos também pensava que ia subir nas pesquisas com o início dos debates presidenciais", afirmou Erundina.
Outros nomes cotados para serem candidatos a vice-presidente são o deputado Beto Albuquerque e inclusive a viúva de Campos, Renata.
A direção executiva do PSB se reunirá na quarta-feira, segundo Erundina, para apresentar a Marina Silva "uma série de compromissos em vários temas".
Esta seria a forma de acabar com as resistências que Marina Silva enfrenta entre os socialistas, pois a ex-ministra só se filiou ao PSB ao não conseguir registrar o seu antigo partido, Rede Solidariedade, para concorrer nas eleições.
Erundina disse que sua função como dirigente do partido é estar à disposição para acompanhar Marina Silva como candidata a vice-presidente.
"Existe um movimento interno do partido que indica que eu posso agregar do ponto de vista ideológico, programático", afirmou.
Segundo a ex-prefeita de São Paulo, Marina Silva tem que "se comprometer efetivamente" com propostas do PSB, como a reforma do Estado, entre elas a reforma política.
"Tem que dizer o que fará com o programa Bolsa Família, para que as pessoas se emancipem da ajuda do Estado e a renda se distribua de verdade. Tem que dizer que criará tributos ao patrimônio e à herança, e que impulsionará as reformas agrária e urbana", comentou.
Erundina acrescentou que outra proposta que o PSB pedirá que Marina Silva assuma é a de "democratizar o sistema de comunicação de massas que reproduz os privilégios da concentração de poder no país".
Apesar de ter admitido que várias bandeiras do PSB contrastam com o discurso de Marina, uma evangélica com posições radicais em assuntos como o aborto, união dos homossexuais e a descriminalização das drogas, para Erundina ela "é capaz de entender a conjuntura".
De acordo com a ex-prefeita, o fato de Marina Silva ser evangélica pode alterar também outras candidaturas, como a do pastor Everaldo Pereira, do Partido Social Cristão (PSC), por identificação religiosa.
"Esta não é qualquer eleição", ressaltou Erundina, que participou no domingo do funeral de Campos em Recife.