Brasil

Janot "não leu inquérito" antes de apresentar denúncia, diz Kokay

"Se ele tivesse lido veria que essas acusações, que remontam a fatos do ano de 2003, partiram de uma pessoa desqualificada", diz deputada

Erika Kokay: deputada é acusada por peculato e lavagem de dinheiro (Viola Junior / Câmara dos Deputados)

Erika Kokay: deputada é acusada por peculato e lavagem de dinheiro (Viola Junior / Câmara dos Deputados)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de outubro de 2016 às 21h40.

Brasília - Em nota, a deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que ficou surpresa com a denúncia contra ela oferecida pelo Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que ele "não leu o conteúdo do inquérito".

Erika é acusada por peculato e lavagem de dinheiro por supostos desvios de recursos públicos do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, entidade da qual foi presidente entre 1992 e 1998. Segundo a deputada, os fatos da denúncia ocorreram cinco anos após ela ter deixado o sindicato.

"Fiquei extremamente surpresa com essa denúncia. Seguramente o PGR, Rodrigo Janot, não deu o conteúdo do inquérito. Se ele tivesse lido veria que essas acusações, que remontam a fatos do ano de 2003, partiram de uma pessoa desqualificada, feitas por um servidor do meu gabinete após demissão pelo cometimento de violência doméstica."

Segundo Erika, investigações de Polícia Civil apontaram o envolvimento desse ex-servidor, responsável pela denúncia contra ela, com casos de furtos de computadores de escolas públicas.

Além disso, a deputada acusa o ex-deputado distrital Pedro Passos de ter "financiado" as acusações contra ela. Em 2007, Passos foi alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar na Câmara no Conselho de Ética, então presidida por ela.

O processo levou à cassação de Passos. O inquérito contra a petista, que originou a denúncia de Janot, foi aberto em 2011 pelo Ministério Público Federal. As investigações começaram após a denúncia de Geraldo Batista Júnior, ex-assessor parlamentar de Erika, à Polícia Federal, em 2008.

Geraldo disse ter sido indevidamente utilizado em sua boa-fé como "laranja". Ele disse que teria sido obrigado a abrir uma conta que seria usada pela deputada, no início de 2003.

O ex-assessor de Erika afirmou que ficou "cego" e não percebeu a "verdade". Na denúncia de Janot, ele afirma que há "indícios de participação de diretores da entidade sindical e de outras pessoas naturais, quer transferindo os recursos públicos desviados, quer recebendo as quantias após depositadas na conta-corrente mantida por Geraldo Batista da Rocha Júnior".

Erika reforçou que, em 2003, já não presidia mais o sindicato e não tinha nenhum poder para decidir sobre os atos do sindicato e a sua movimentação financeira.

"As acusações geraram uma série de inquéritos. No entanto, fui inocentada em diversas investigações que foram feitas acerca desses fatos por absoluta falta de consistência das denúncias", afirmou Erika, lembrando que o próprio STF já arquivou um inquérito sobre a existência de financiamento via caixa 2 do Sindicato dos Bancários para a campanha de Erika, em 2006, por falta de provas.

A denúncia de Janot contra Erika foi apresentada ao STF no dia 21 de setembro, mas a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, só foi publicada nesta terça-feira, 18. Marco Aurélio determinou a notificação da parlamentar, que tem 15 dias para apresentar a sua defesa.

O ministro também determinou o desmembramento do processo para que os casos de envolvidos sem foro privilegiado sejam encaminhados para a Justiça Federal de Brasília, além de que testemunhas sejam ouvidas.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoLavagem de dinheiroRodrigo Janot

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua