Erica Malunguinho: a deputada estadual Janaína Paschoal saiu em defesa da parlamentar (Alesp/Divulgação)
Clara Cerioni
Publicado em 4 de abril de 2019 às 10h12.
São Paulo — A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL), primeira mulher transexual a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), afirmou que abrirá um processo interno, junto com outros partidos, contra o deputado Douglas Garcia (PSL).
Durante sessão nesta quarta-feira (3), o parlamentar disse à colega que "expulsaria uma transexual do banheiro debaixo de tapa".
"Se um homem que se acha mulher entrar no banheiro em que estiver minha mãe ou minha irmã, tiro o homem de lá a tapa e depois chamo a polícia", afirmou Douglas Garcia.
Sua fala foi repreendida pela deputada Janaína Paschoal, que prestou solidariedade à parlamentar do PSOL. "A gente pode defender as ideias de uma maneira mais cautelosa, de uma forma mais cortês. Nós assumimos o compromisso, como bancada, de conversar com o colega", afirmou.
Em publicação no Facebook, Erica defendeu que condutas como a do deputado incitam o ódio e precisam ser combatidas.
"Ao invés do deputado Douglas Garcia empregar sua inteligência e energia nas infindas questões do estado capazes de determinar a qualidade da própria existência das pessoas, ele está procurando meios de fragilizar a humanidade de pessoas que já estão em situação constante de vulnerabilidade", escreveu.
A frase do parlamentar do PSL foi dita depois de a deputada argumentar contra o Projeto de Lei 346/2019, que "estabelece o sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no estado de São Paulo".
Após repercussão negativa da fala, Douglas Garcia pediu a palavra e se retratou. "Eu gostaria de pedir desculpas caso as palavras que eu tenha proferido hoje tenham ofendido alguém", afirmou.
Após a fala do parlamentar, partidos, como o PSOL, PT e Rede, afirmaram que entrarão com uma representação contra Douglas por quebra de decoro parlamentar.
"Discursos como o de Douglas são co-responsáveis por agressões e violências cotidianas à travestis e transsexuais. Não aceitaremos", diz publicação da Bancada Ativista.