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Era "de bom tom" atender a pedido de Renan, diz delator

O peemedebista teria pedido para a Odebrecht abastecer a campanha eleitoral de Renan Filho (PMDB) ao governo de Alagoas

Renan Calheiros: o pedido de Renan foi feito ao final de uma reunião em que executivos relatavam dificuldades na área de energia (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Renan Calheiros: o pedido de Renan foi feito ao final de uma reunião em que executivos relatavam dificuldades na área de energia (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de abril de 2017 às 16h08.

Brasília - O delator Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, detalha nos depoimentos de delação premiada que a empresa atendeu pedido de Renan Calheiros (PMDB-AL) para abastecer a campanha eleitoral de Renan Filho (PMDB) ao governo de Alagoas.

O pedido de Renan foi feito ao final de uma reunião em que executivos relatavam dificuldades na área de energia e a empresa queria contar com a atuação do peemedebista a favor de interesses do grupo.

"O pedido foi atendido por isso. A gente estava ali na discussão de fazer um pedido a ele. Na hora que vem um pedido de volta para cá é de bom tom para o atendimento daquilo que você está pedindo tentar equacionar o outro lado", disse o delator a procuradores da República.

Cláudio Melo diz que na época, em 2014, a crise energética ameaçava o funcionamento de plantas da Braskem - braço petroquímico da Odebrecht - no Nordeste. Por isso, procuraram apoio de Renan Calheiros.

No ano seguinte, o governo editou a medida provisória 677, que foi bem recebida pelo setor.

Ele diz que "não saberia dizer" se a MP seria editada e aprovada mesmo sem o apoio ao filho de Renan Calheiros, mas afirma que o senador poderia atrapalhar os planos da empresa.

"Ele poderia fazer alguma ação que prejudicasse.

Era "de bom tom" atender a pedido de Renan, diz delator

Se chegasse uma MP, ele era presidente da Casa, ele não botasse para andar. Ele poderia, ele teria esse predicado", disse o delator.

Cláudio Melo relata que a questão da energia já havia sido tratada com Renan, em 2012, em conversa sobre contratos da área na região Nordeste.

A conversa resultou, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), na conversão da MP 579 em lei.

O relato do delator embasou a abertura de um dos inquéritos que tem Renan e Renan Filho como alvos por suposta prática de corrupção passiva.

A PGR considera que o ex-presidente do Senado é uma "figura proeminente para aprovação das medidas legislativas de interesse do grupo Odebrecht, tanto que sua participação fora descrita na aprovação de pelo menos mais outras 5 medidas provisórias".

De acordo com o ex-diretor da Odebrecht, outros três executivos da Braskem estavam presentes na reunião em que Renan solicitou o apoio à candidatura de seu filho.

A empreiteira procurou Renan por uma reunião "de caráter técnico", segundo o delator, em razão da preocupação caso o fornecimento de energia fosse interrompido ou majorado.

"Um homem público sabe que pode ser investigado. Mas isso não pode significar uma condenação prévia ou um atestado de que alguma irregularidade foi cometida", disse, em nota, o senador, depois que a lista foi divulgada.

"Acredito que esses inquéritos serão arquivados por falta de provas como aconteceu com o primeiro deles", completou.

O governador Renan Filho foi procurado, mas até a publicação deste texto não foi encontrado.

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