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Equipe econômica de Bolsonaro ainda diverge sobre temas centrais

Um dos temas que poderiam funcionar como teste seria o projeto que trata da autonomia do Banco Central

Paulo Guedes: grupo liderada pelo economista entende que é necessário investir nos temas prioritários já no início de um eventual governo de Bolsonaro (Sergio Moraes/Reuters)

Paulo Guedes: grupo liderada pelo economista entende que é necessário investir nos temas prioritários já no início de um eventual governo de Bolsonaro (Sergio Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 11 de outubro de 2018 às 19h09.

Última atualização em 11 de outubro de 2018 às 19h29.

Brasília - A equipe que elabora o programa econômico do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) ainda discute se a pauta econômica no Congresso, incluindo a reforma da Previdência, deverá ser abordada de uma vez ou aos poucos, informou uma fonte que acompanha as negociações.

Segundo essa fonte, uma corrente do grupo, liderada pelo economista Paulo Guedes, entende que é necessário investir nos temas prioritários já no início de um eventual governo de Bolsonaro, enquanto outra frente, formada principalmente por técnicos e burocratas com experiência na máquina pública em Brasília, aconselha uma abordagem mais paulatina.

Um dos temas que poderiam funcionar como teste, segundo essa abordagem gradual, seria o projeto que trata da autonomia do Banco Central. O assunto, diz a fonte, não encontraria grandes resistências no Congresso e, uma vez aprovado, serviria para dar fôlego à base de sustentação a ser construída em torno do governo.

Para construir seu colchão de aliados, aliás, Bolsonaro contará muito com as bancadas parlamentares já identificadas com a sua pauta original, muito centrada nos problemas de segurança pública e em questões morais e culturais: a bancada do agronegócio, a religiosa e a da "bala", além dos parlamentares eleitos na esteira de corporações como policiais e militares.

As frentes da segurança pública, da agropecuária e dos evangélicos, conhecidas como a bancada BBB - bala, boi e Bíblia - são apostas de aliados de Bolsonaro para avançar propostas no Congresso.

A declaração de neutralidade dos principais partidos do centrão foi encarada como positiva, uma vez que um apoio formal poderia ser visto como "mais do mesmo na política", segundo essa fonte.

Isto é, um aval do chamado establishment político poderia contradizer o ativo que o próprio Bolsonaro tem cultuado durante toda a sua campanha.

Essa agenda moral e de costumes, a pauta "raiz" do candidato, seria usada, neste contexto, como um instrumento de negociação justamente para a aprovação da pauta econômica de interesse de Paulo Guedes no Congresso, nome confirmado por Bolsonaro nesta quinta para comandar o Ministério da Fazenda em seu eventual governo.

A fonte prevê ainda um isolamento da esquerda no Legislativo diante do apoio temático a Bolsonaro dessas bancadas, do crescimento do PSL e da provável inclusão do centrão à base.

O PT, do adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad, elegeu a maior bancada na Câmara, com 56 deputados. O PSL de Bolsonaro obteve 52 cadeiras.

SUCESSÃO NA CÂMARA

Nessa conjuntura, há possibilidade de composição com o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pretende se reeleger para o posto. A intenção, no entanto, pode ser ameaçada pelo PSL, que ainda pode inchar com a migração de parlamentares de partidos que não atingiram a cláusula de barreira e pleitear o cargo com base no critério da proporcionalidade.

No Senado, avaliou a fonte, o emedebista Renan Calheiros (AL) - identificado politicamente com os petistas - deve encarar dificuldades para se lançar à Presidência da Casa. O Senado tem uma tradição de eleger para o comando da Casa o parlamentar do partido com o maior número de cadeiras --o MDB terá 12 senadores.

Ainda assim, há uma abertura para o eventual governo Bolsonaro buscar uma composição com um nome mais palatável do partido, como Simone Tebet (MS) e Fernando Bezerra Coelho (PE).

A equipe econômica do candidato já tem visão consolidada, no entanto, sobre a necessidade da presença de investimento estrangeiro na economia. Será dada prioridade a licitações internacionais, sem "preconceito" com o capital --mesmo que tenha origem na China. Bolsonaro, no entanto, tem mostrado repetidas vezes preocupação com a entrada de capital chinês no país.

Para esse grupo, o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), criado para ampliar a interação entre o Estado e a iniciativa privada em contratos de parceria e de medidas de desestatização, já oferece um avanço em relação ao que era praticado.

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