#BrequeDosApps: entregadores de aplicativos estão organizando uma nova paralisação nacional para o dia 25, sábado (Amanda Perobelli/Reuters)
Mariana Martucci
Publicado em 24 de julho de 2020 às 19h42.
Última atualização em 24 de julho de 2020 às 19h58.
Entregadores de aplicativos estão organizando uma nova paralisação nacional para o dia 25, sábado, para protestar por melhores condições de trabalho. A mobilização faz parte da greve nacional dos entregadores de aplicativos de empresas como de empresas como Rappi, Loggi, iFood, Uber Eats e James.
Na capital paulista, os grupos vão começar a paralisação pela manhã, 10h, nos pontos onde costumam esperar os pedidos. Eles também pretendem circular pelas ruas e avenidas do Distrito Federal, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Vitória, Curitiba e Natal.
⚠️ CONCENTRAÇÃO PARA O #BREQUEDOSAPPS AMANHÃ (25/07) EM TODO O BRASIL ⚠️
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— Galo (@galodeluta) July 24, 2020
“A pandemia mostrou para todos como nosso trabalho de entregador é essencial. Se o Brasil não parou é porque ele tá andando sobre duas rodas”, dizia o texto de um panfleto distribuído nos pontos de concentração da última mobilização, no dia 1º de julho. “Mas corremos muitos riscos, estamos recebendo mal e somos desrespeitados todos os dias pelos aplicativos”, acrescenta.
O presidente licenciado do Sindicato dos Motoboys de SP, Gilberto Almeida dos Santos, afirmou que o grupo irá apoiar a paralisação de amanhã, mas que não irã colocar carros de som na rua. "Estamos apoiando o movimento e incentivando que os trabalhadores fiquem em casa e não façam entregas. Nas redes sociais, incetivamos que os usuários dos aplicativos não peçam comida via aplicativo neste sábado", concluiu.
A principal pauta do movimento é o aumento dos valores pagos pelos aplicativos por entrega. A categoria quer não só o aumento do valor mínimo do serviço como também um reajuste do pagamento por quilômetro rodado. “Com a pandemia e o desemprego, os aplicativos estão ganhando como nunca. Em vez de eles repassarem o valor para a gente, que está na linha de frente, correndo risco de pegar covid-19, eles jogaram as taxas de entrega lá embaixo”, diz o panfleto do movimento Treta no Trampo.
Os trabalhadores querem ainda benefícios como seguro contra roubo e acidentes, além de auxílios específicos para o período de pandemia do novo coronavírus, como equipamentos de proteção e licença remunerada para quem ficar doente.
Nos meses de quarentena em São Paulo, foi registrado um aumento das mortes de condutores de moto, segundo levantamento feito pelo sistema Infosiga do governo do estado de São Paulo. Em abril e maio de 2019, morreram na cidade de São Paulo 46 motociclistas. No mesmo bimestre deste ano houve um aumento de 24%, para 57 mortes. Na comparação dos dois períodos, houve uma queda de 12,3% no total de mortes em acidentes de trânsito em geral na capital paulista, que passaram de 138 em 2019 para 121 em 2020.
A pesquisa Condições de trabalho de Entregadores Via Plataforma Digital Durante a Covid-19, publicada na revista Trabalho e Desenvolvimento Humano mostrou que também aumentou a carga de trabalho dos entregadores durante a pandemia. Antes da crise, 57% dos entregadores trabalhavam mais de nove horas por dia, percentual que chegou a 62% durante a pandemia. Os dados mostram ainda que 7,8% dizem que tem carga diária de 15 horas ou mais.
O aumento de trabalho, no entanto, não foi acompanhado por um acréscimo na remuneração dos entregadores. Segundo o estudo, 58,9% dos trabalhadores disseram que houve queda na renda durante a pandemia. A pesquisa mostra que 34,4% ganham menos do que R$ 260 por semana (aproximadamente, R$ 1.040 mensais) e apenas 26,7% conseguem receber mais de R$ 520 por semana (cerca de R$ 2.080 por mês).
(Com informações da Agência Brasil).