Brasil

Entre ataques e auxílio de R$ 600: Congresso trabalha na pressão

Ministros do STF e governadores se manifestaram contra participação do presidente Jair Bolsonaro em ato que pedia intervenção militar

 (Ueslei Marcelino/Reuters)

(Ueslei Marcelino/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de abril de 2020 às 06h19.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 09h09.

Mesmo com a véspera do feriado de Tiradentes e grande parte do território nacional em isolamento social, a semana tem tudo para começar tensa.

Neste domingo, o presidente Jair Bolsonaro discursou para uma manifestação em Brasília em meio a pedidos por um novo Ato Institucional 5, que inaugurou o período mais brutal da ditadura, e cartazes contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.

Além de ter novamente desconsiderado as recomendações sanitárias ao estimular aglomerações, o presidente disse que não iria “negociar nada”.

A mensagem, na frente de um quartel e no Dia do Exército, serviu para tensionar o ambiente institucional. Vinte dos 27 governadores divulgaram prontamente uma carta em defesa da democracia e apoio a Maia e Davi Alcolumbre, presidente do Senado.

Os ministros do STF Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso também se manifestaram. “A crise do #coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática”, publicou Mendes no Twitter.

 

Barroso também usou a mesma rede social: “É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King).”

O presidente do Senado também veio a público para deixar claro que não houve acordo entre as lideranças partidárias para votar a Medida Provisória que cria o chamado Programa Verde e Amarelo, de estímulo à contratação de jovens e idosos. O texto editado ainda em novembro foi aprovada pela Câmara no dia 14, mas perde validade se não for votado pelo Senado nesta segunda-feira (20).

“Para ajudar as empresas a manter os empregos dos brasileiros, sugiro ao presidente Bolsonaro que reedite amanhã (segunda-feira, 20) a MP 905, do Contrato Verde e Amarelo. Assim, o Congresso Nacional terá mais tempo para aperfeiçoar as regras desse importante programa”, escreveu Alcolumbre no Twitter.

Esta é a primeira medida da pauta que gerou grande controvérsia dentro do Congresso desde que as sessões começaram a ser realizadas de forma virtual ainda no começo do mês.

Fora isso, o Congresso segue focado em projetos relacionados à pandemia: a previsão é que o Senado vote nesta segunda-feira o substitutivo da Câmara que amplia o auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores de baixa renda prejudicados pela crise atual.

O benefício estaria estendido assim a categorias como caminhoneiros, diaristas, garçons, catadores de recicláveis, motoristas de aplicativos, manicures, camelôs, garimpeiros, guias de turismo, artistas e taxistas. Com o presidente com outras preocupações, o Congresso segue querendo reafirmar seu protagonismo.

Acompanhe tudo sobre:ProtestosCongressoJair BolsonaroRodrigo MaiaExame Hoje

Mais de Brasil

'Florianópolis é um orgulho para o Brasil e para a América', diz ministro do Turismo argentino em SC

Lula diz que Brasil vive 'uma turbulência desnecessária' causada por Trump

Em meio ao tarifaço, Eduardo Bolsonaro publica foto com secretário do Tesouro dos EUA

Governo dos EUA cancela vistos de esposa e filha de ministro Alexandre Padilha