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Entre Curitiba e São Paulo: juíza manda Paulo Vieira ficar em SP

Gabriela Hardt decretou a prisão preventiva. Ele deveria ir para a capital paranaense hoje, mas decisão de juíza de SP mantém o operador no estado

O engenheiro Paulo Vieira de Souza: conhecido como Paulo Preto, ele é ex-diretor da Dersa e suspeito de ser operador do PSDB em esquema de desvios (José Cruz/Agência Brasil)

O engenheiro Paulo Vieira de Souza: conhecido como Paulo Preto, ele é ex-diretor da Dersa e suspeito de ser operador do PSDB em esquema de desvios (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 18h52.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2019 às 18h58.

A juíza federal Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal em São Paulo, determinou que o operador do PSDB Paulo Vieira de Souza permaneça na sede da Polícia Federal, na capital paulista, até o dia 27 de fevereiro. O ex-diretor da Dersa foi preso nesta terça-feira, 19, alvo da fase 60 da Operação Lava Jato - Ad Infinitum - suspeito de movimentar R$ 100 milhões de propinas em contas na Suíça.

"Permaneça à disposição da 5ª Vara Federal Criminal para realização de audiências designadas até 27 de fevereiro de 2019, recolhido no setor de custódia da Polícia Federal de São Paulo", informa documento anexado ao processo da Lava Jato.

Vieira de Souza, conhecido como homem da mala do PSDB paulista, foi preso preventivamente suspeito de receber R$ 100 milhões de propinas entre 2007 e 2017 em contas na Suíça.

A juíza federal Gabriela Hardt, substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, decretou prisão preventiva de Paulo Preto, como é conhecido o ex-diretor da Dersa. Ele deveria ser transferido para a capital paranaense no final da tarde.

O esquema envolveria doleiros e operadores financeiros usados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Entre eles, Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro José Novis - os dois últimos, delatores da Lava Jato. A AD Infinitum tem como ponto de partida os valores supostamente repassados ao ex-ministro e ex-senador Aloysio Nunes Ferreira - presidente da Investe SP, empresa do governo João Dória (PSDB), em São Paulo.

Em entrevista ao repórter Fábio Leite, do jornal O Estado de S. Paulo, em 2018, Vieira de Souza negou todas as acusações e disse que não tinha o que delatar.

Embarcação de grande porte

Ao cumprir mandados de busca e apreensão nesta terça, 19, em endereços ligados a Vieira de Souza, a Polícia Federal descobriu uma "embarcação de grande porte" atracada na Marinas Nacionais, na Rodovia Guarujá-Bertioga, litoral Sul de São Paulo. Os investigadores suspeitam que o barco pode servir de esconderijo de documentos e valores.

A Lava Jato atribui ao ex-diretor da Dersa envolvimento em supostos esquemas de lavagem de dinheiro da Odebrecht que abasteciam ex-diretores da Petrobrás e políticos, entre eles, o ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira Filho (Relações Exteriores/Governo Temer), presidente da Investe São Paulo, empresa do governo João Doria.

Segundo os investigadores, contas do ex-diretor da Dersa chegaram a ter a cifra de R$ 130 milhões na Suíça.

Vieira de Souza também teria ocultado R$ 100 milhões em sua casa em São Paulo, que seriam usados para abastecer o doleiro Adir Assad, em pagamentos a diretores e gerentes da petrolífera, em nome da Odebrecht.

Nesta terça, 19, a força-tarefa da Lava Jato vasculhou novamente endereços de Vieira de Souza, como sua casa de praia, em Guarujá. Lá, encontraram documentos que levaram a um novo pedido de busca.

A força-tarefa afirma que a "equipe de policiais constatou que o mesmo é proprietário/responsável uma embarcação de grande porte que fica atracada na marina chamada Marinas Nacionais, no mesmo município".

"Tendo sido o investigado questionado sobre possível autorização para uma busca na embarcação, o mesmo, orientado pelo seu advogado, recusou a autorização", afirma o delegado Alessandro Netto Vieira, em ofício à juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, a quem pediu autorização - concedida - para buscas no barco.

A força-tarefa afirma a possibilidade de se tratar de "embarcação de grande porte, que pode vir a servir, ainda que remotamente, de alguma residência", é necessário pedir expedição de novo mandado de busca à juíza federal Gabriela Herdt, responsável pela Lava Jato.

O delegado ressalta "a negativa do investigado em autorizar a policia a proceder buscas no local", além da "chance de o local ser usado como ponto de esconderijo de documentos, valores ou objetos de prova".

"Uma vez autorizadas as buscas, elas serão cumpridas pela mesma equipe de policiais que já se encontra no Guarujá para cumprimento de mandado na casa de praia do investigado, observando-se ainda a posterior apreensão do bem com nomeação de fiel depositário", pediu.

A diligência já foi autorizada pela magistrada. "Diante disto, determino a expedição de mandado de busca e apreensão a ser cumprido na embarcação indicada".

 

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