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Entidades cobram política contra cultura do ódio na UFRJ

Após o assassinato do estudante Diego Vieira Machado, o DCE da UFRJ e o Programa Rio Sem Homofobia pediram providências


	Cartaz exibe protesto contra homofobia: relatos da situação em que o corpo foi encontrado também indicam crime de homofobia
 (Leo Pinheiro/Fotos Públicas)

Cartaz exibe protesto contra homofobia: relatos da situação em que o corpo foi encontrado também indicam crime de homofobia (Leo Pinheiro/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2016 às 19h14.

Após o assassinato do estudante Diego Vieira Machado, encontrado morto na tarde de sábado (2) no campus da Ilha do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Programa Rio Sem Homofobia, do governo fluminense, e o Diretório Central dos Estudantes da UFRJ Mário Prata pediram providências para garantir a segurança dos estudantes e combater a cultura do ódio dentro da universidade, já que existe a suspeita de que o crime tenha sido motivado por homofobia ou racismo.

Segundo o coordenador do programa, Cláudio Nascimento, o Rio Sem Homofobia recebeu ontem (3) denúncias de colegas de Diego de que ele e outros estudantes estavam sendo ameaçados.

“Apontaram que, há 30 dias, receberam ameaças de grupos de estudantes ligados à universidade e a posições políticas das chamadas correntes liberais, que atacavam e ameaçavam negros, gays e cotistas, numa clara mensagem de ódio, de rejeição a essas pessoas, como se essas pessoas estivessem manchando a imagem da universidade e não tivessem mérito para estar nesse espaço. As mensagens parecem que são associadas ao próprio Diego, falam 'sei de um homem negro que se diz do sexo livre', e tal”, denunciou.

Nascimento disse que os relatos da situação em que o corpo foi encontrado também indicam crime de homofobia.

“Os amigos apontam que ele sofreu muitas agressões, lesões no crânio e que ele estava nu e com a cabeça na lama, na água, mostrando sinais concretos de uso da força bruta, de requintes de crueldade e de uma ação que normalmente nos crimes homofóbicos tentam fazer, que é também de humilhar e inferiorizar a imagem da vítima.”

O coordenador elogiou o trabalho da Polícia Civil e disse que o programa está acompanhando o caso de perto e que solicitou uma audiência com o reitor da UFRJ para tratar da questão.

“Deixamos claro para a polícia que a gente está muito preocupado, porque hoje foi o Diego, mas com toda essa dinâmica que me parece ter uma cultura de ódio dentro da universidade contra LGBT, contra negros, cotistas, se isso não pode ser só a ponta do iceberg, então é fundamental que tenha uma investigação do caso do Diego, mas também de todas essas engrenagens que possam mostrar outras questões.”

Homenagens

O diretor do DCE, Caique Azael, disse que a entidade está preparando uma série de atividades para homenagear Diego e pedir mais segurança nos campi da UFRJ.

“A gente está planejando uma agenda completa com atos de memória e por mais segurança, contra tudo o que vem acontecendo, esses ataques homofóbicos aqui dentro do Fundão, ataques racistas." 

O líder estudantil defendeu um debate amplo sobre a assistência estudantil e a segurança na universidade. “A gente precisa trabalhar para construir essa política em conjunto, não é só patrulha, não é só iluminação, a gente precisa de uma nova política de segurança que contemple tudo”.

A reitoria da UFRJ foi procurada para comentar a política de segurança da universidade, mas não retornou até o fechamento desta reportagem.

Em nota, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos disse que acompanha de perto as investigações e que recomendou à Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos e à Subsecretaria de Direitos Humanos empenho no atendimento aos amigos e parentes do estudante.

O secretário Paulo Melo classificou como grave o assassinato com indícios de homofobia.

“Se confirmar que se trata de um crime de homofobia será a confirmação de que vivemos um período de retrocesso na garantia dos direitos civis da população LGBT. Somente no mês de junho foram sete assassinatos contra esta população e, alguns, com viés de homofobia. É preciso trabalhar intensamente pelo fim de qualquer tipo de preconceito no estado do Rio de Janeiro, seja por credo, cor ou orientação sexual.”

*Colaborou Lígia Souto, repórter do Radiojornalismo EBC

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