Dilma e Aécio se enfrentam em debate no SBT: denúncias protagonizaram ataques (REUTERS/Paulo Whitaker)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2014 às 18h21.
São Paulo - Operação Lava Jato, Mensalão Tucano e Pasta Rosa. Se você acompanhou os últimos debates eleitorais, deve ter percebido que os nomes dos principais casos de corrupção do país foram disparados pelos candidatos à Presidência.
Os escândalos protagonizaram os ataques e foram usados como munição tanto por Dilma Rousseff (PT) quanto por Aécio Neves (PSDB) em uma das corridas eleitorais mais agressivas dos últimos anos.
Nesta sexta-feira, os presidenciáveis se encontram no último debate do segundo turno, na Globo. Provavelmente, muitos destes temas devem voltar à tona.
Relembre e entenda os casos citados pelos presidenciáveis.
Operação Lava Jato
Denúncias do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef, apontam o envolvimento de executivos da estatal, políticos e empreiteiras em desvios de recursos em contratos da empresa. Segundo Costa, o PT ficava com até 3% do valor dos contratos.
A investigação, iniciada pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, está sob sigilo de Justiça, mas parte do conteúdo de depoimentos vazou por meio de veículos de imprensa durante as eleições.
O principal processo trata da lavagem de dinheiro nas obras da refinaria de Abreu e Lima, localizada em Pernambuco. O TCU (Tribunal de Contas da União) apontou reajustes irregulares nos contratos da Petrobras com empreiteras que resultaram em superfaturamento de R$ 367 milhões.
As acusações, que atingem majoritariamente políticos do PT e de partidos aliados, PMDB e PP, foram um prato cheio para Aécio contra Dilma.
Ainda assim, parte do escândalo respingou no PSDB, já que o então presidente nacional do partido, Sérgio Guerra – morto em março deste ano –, é suspeito de ter cobrado R$ 10 milhões do ex-diretor da Petrobras para encerrar a CPI sobre o caso no Senado. Dilma aproveitou o fato para atacar o adversário. A denúncia foi feita em depoimento por Leonardo Meirelles, réu da operação e laranja de Youssef, mas a defesa do doleiro nega que a suposta negociação com os tucanos.
Segundo reportagem publicada nesta quinta-feira pela Revista VEJA, o doleiro teria dito à PF que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto Dilma "sabiam de tudo" sobre o esquema. A expectativa é que a informação seja usada por Aécio no debate desta sexta-feira.
Porto em Cuba
A inauguração do Porto de Mariel, situado 45 km a leste de Havana, em Cuba, contou com a presença de Dilma em janeiro deste ano. O empreendimento recebeu US$ 802 milhões em financiamento pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), suscitando críticas por parte da oposição.
Aécio defende que os recursos deveriam ser aplicados no próprio Brasil e não em Cuba. Em resposta, a presidente defende que o porto poderá aumentar "substancialmente" o volume de comércio da ilha, beneficiando empresas brasileiras.
Pasta Rosa
Em 1990, foram divulgados documentos comprovando uma contribuição de US$ 2,4 milhões do Banco Econômico para as campanhas de diversos candidatos que se tornariam aliados do governo tucano. Na época, empresas eram proibidas de financiar candidaturas.
O presidente do banco, Angelo Calmon de Sá chegou a ser indiciado pela Polícia Federal, mas, em 1995, no governo FHC, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, arquivou o caso. Ninguém foi punido.
Sivam
Na década de 1990, entre os mandatos de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso, a contratação de uma empresa americana sem licitação também acabou sem punições.
Escutas telefônicas gravadas pela Polícia Federal revelaram que o embaixador Júlio César Gomes dos Santos e o empresário José Afonso Assumpção teriam recebido propina para defender os interesses da Raytheon. A empresa dos EUA conquistou, sem licitação, um contrato de US$ 1,4 bilhão do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam).
A denúncia resultou na demissão do então ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra, que estava na linha de frente das negociações, e no afastamento de Júlio César, hoje embaixador em Roma. Uma CPI sobre o tema foi encerrada em 2002 , mas ninguém foi considerado culpado.
Mensalão tucano
Conhecido como embrião do mensalão federal, o esquema de caixa dois ocorreu em Minas Gerais, em 1998, no governo de Eduardo Azeredo (PSDB). Segundo denúncias, estatais mineiras teriam investido R$ 5,17 milhões no esquema de arrecadação paralela do tucano.
Diferentemente do que aconteceu com o mensalão do PT, o mensalão mineiro ou tucano foi desmembrado no STF e a maioria das ações passou a tramitar na Justiça comum. Até hoje, ninguém foi condenado.
Cartel na CPTM e no Metrô de SP
A imprensa internacional e o Ministério Público brasileiro identificaram a formação de cartel em contratos do Metrô e da CPTM, empresas estatais do governo de São Paulo, entre 1998 e 2008 - governos tucanos de Geraldo Alckmin, José Serra e Mário Covas.
Atualmente, 34 executivos de multinacionais como Siemens, CAF e Alstom são investigados pelo Ministério Público. Até o momento, ninguém foi punido no Brasil.
Nepotismo
Dilma acusou Aécio de empregar parentes durante o seu governo em Minas Gerais. Segundo a presidente, o tucano mantém “uma irmã, um tio, três primos e três primas”. Andrea Neves, sua irmã, trabalhou no Serviço Voluntário de Assistência Social da gestão de Aécio, um serviço sem remuneração, e, hoje, ela trabalha na campanha do candidato.
Como troco, o tucano disse que Igor Rousseff, irmão da petista, foi nomeado pelo prefeito Fernando Pimentel e nunca apareceu para trabalhar. “A senhora diz que não nomeia parentes, mas a senhora pede para seus aliados nomearem", afirmou Aécio. A informação de que Igor não trabalha foi desmentida pelo governador eleito de Minas Gerais.
A legislação atual não especifica se o nepotismo se dá quando a nomeação é feita pelo próprio parente ou por políticos aliados.
Aeroporto de Cláudio
O governo de Aécio em Minas Gerais gastou R$ 13,9 milhões em verbas públicas para construir um aeroporto dentro de uma fazenda que pertence ao tio-avó do candidato do PSDB. O empreendimento fica no município de Cláudio, a 150 km de Belo Horizonte.
O tucano defende que a escolha do local permitiu que a obra fosse realizada com custo reduzido. A petista vê irregularidades no uso de dinheiro público em uma obra privada.
O aeroporto ainda não foi homologado para uso público pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e o acesso continua restrito aos donos da fazenda.