Partido dos Trabalhadores, PT. (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2021 às 11h44.
Última atualização em 12 de setembro de 2021 às 11h54.
Inicialmente convocadas por movimentos de centro-direita como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, as manifestações pelo impeachment de Jair Bolsonaro não serão tão unificadas quanto gostariam os seus organizadores, já que grupos e partidos de esquerda confirmaram que não devem comparecer.
PT e PSOL são exemplos de lideranças de esquerda que ficarão de fora. "Saudamos todas as manifestações Fora Bolsonaro, esclarecendo que o PT não participou da organização nem da convocação de ato que já estava marcado para este domingo, 12", publicou o Partido dos Trabalhadores em seu site oficial, reforçando chamado à manifestação para o dia 2 de outubro.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) emitiu nota seguindo o mesmo caminho, dizendo que "não participará, não convocará e não faz parte da organização de nenhuma manifestação/ato, anunciada para o dia 12 de setembro". Segundo o grupo sindical, o ato foi "convocado por grupos de direita, como MBL e Vem Pra Rua, que contribuíram com o golpe de 2016, que foi contra o Brasil e os brasileiros, e que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro".
Também em nota, a Unão Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) afirmam que as entidades estudantis "não organizam e não convocaram as manifestações do dia 12, apesar de reconhecerem a importância de todas as iniciativas em curso que tenham como centro a defesa do Fora Bolsonaro". O grupo reforça que "respeita todos os dirigentes das entidades que decidam participar dos atos" mas que trabalha para que a próxima manifestação nacional contra o atual governo aconteça no dia 2 de outubro.
Apesar da confirmação da ausência de algumas das principais lideranças de esquerda nos protestos deste domingo, outros nomes relevantes ligados a este campo político confirmaram presença nos atos organizados por MBL e Vem Pra Rua. É o caso da deputada Isa Penna (Psol-SP), que usou as redes sociais para dizer que "é hora de se unir nas ruas contra Bolsonaro". "Nós, da esquerda, precisamos estar presentes", enfatizou.
O músico Tico Santa Cruz também confirmou presença na manifestação. "Dia 12 de setembro estarei nas ruas. Não represento partido, não represento político - represento minha autonomia política que tem lado bem definido e que não me impede de estar ao lado da direita na luta contra o bolsonarismo! Hoje meu partido é 'fora Bolsonaro", escreveu nas redes sociais.
Outros nomes ligados à esquerda também indicaram participação na manifestação, como Orlando Silva (PCdoB-SP). Além disso, lideranças de PSB e PDT, incluindo o pré-candidato Ciro Gomes, também confirmaram que estarão nos protestos deste domingo.
Até a semana passada, organizadores do ato deste domingo defendiam uma oposição tanto a Bolsonaro quanto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para 2022. Após conversas com centrais sindicais, porém, o MBL concordou em revogar o mote “nem Lula, nem Bolsonaro” e focar apenas no impeachment do presidente.
A decisão não foi suficiente para atrair os maiores representantes de esquerda da política nacional. a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) enfatizou que está em construção com partidos de esquerda (PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, PV, Solidariedade, Rede e Cidadania) um ato nacional pelo impeachment de Bolsonaro em outra data, mas ressaltou, também nas redes sociais, que "incentiva todos os atos que forem realizados em defesa do impeachment".
Por outro lado, a mudança de postura em relação ao ex-presidente também incomodou setores que discordam da união entre esquerda e direita nos protestos contra Bolsonaro. "Primeira era 'nem Lula, nem Bolsonaro'. Agora virou só 'fora Bolsonaro'. Pra quem defende terceira via, o dia 12 já está mais para 'volta, Lula'", reclamou o deputado Marcel Van Hattem, que também pediu que o seu partido Novo declare fim do apoio à manifestação.
A manifestação deste domingo, 12, foi convocada pelos organizadores em pelo menos 15 cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A capital federal é a que inspira maior preocupação aos organizadores, já que as forças de segurança do Distrito Federal tiveram dificuldade de retirar manifestantes que estavam na Esplanada dos Ministérios desde a véspera do dia 7.