(Ricardo Moraes/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 22 de maio de 2023 às 07h04.
Última atualização em 22 de maio de 2023 às 09h44.
Além da justificativa de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) terá de organizar o palanque dos candidatos a prefeito do PL nos 92 municípios fluminenses nas eleições do ano que vem, dois outros motivos pesaram no veto de sua candidatura à Prefeitura do Rio por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo aliados próximos ao ex-chefe do Palácio do Planalto, Bolsonaro confidenciou temer uma eventual reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD) com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impondo uma nova derrota nas urnas à família. Um possível fracasso de Flávio ainda teria um forte simbolismo, já que a capital é o reduto eleitoral dos bolsonaros.
O segundo motivo, ainda de acordo com aliados próximos a Bolsonaro, é a articulação da pré-candidatura a prefeito do deputado federal e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL), que ganhou força entre os bolsonaristas.
Ao apostar em Pazuello, um de seus homens de confiança, e na sua fidelidade, o ex-presidente garantiria o controle da prefeitura em uma eventual vitória. Além disso, num cenário de derrota, o ex-chefe do Planalto não assumiria o ônus do fracasso nas urnas, que ficaria para o candidato.
Pazuello se cacifou para a vaga de pré-candidato a prefeito ao ser eleito para Câmara como o segundo deputado federal mais votado (205.324) no Estado do Rio, atrás apenas da deputada federal Daniela Carneiro (União), reeleita com 213.706 votos. Mulher do prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho, a parlamentar assumiu o Ministério do Turismo do governo Lula. Os dois trabalharam pela eleição do presidente na Baixada Fluminense, ganhando a confiança do petista.
Oficialmente, além da organização das candidaturas a prefeito, Bolsonaro também vinculou o veto a Flávio à necessidade de deixá-lo no Senado para manter um braço da família na Casa.
O suplente, o empresário Paulo Marinho, rompeu com Bolsonaro e, nas últimas semanas, chegou a ser procurado pela família na esperança de aparar as arestas. De acordo com interlocutores de Bolsonaro, mesmo pacificando a relação, o ex-presidente não apostaria totalmente na fidelidade de Marinho ao seu grupo.
Para bolsonaristas fluminenses, a decisão de retirar a pré-candidatura de Flávio foi considerada uma estratégia correta, já que o foco principal do PL no estado para 2024 é a ampliação do número de prefeitos e de vereadores. O partido tem hoje nove prefeitos.
— Foi uma decisão assertiva. Flávio é um articulador político e o partido precisa organizar as candidaturas em todos os municípios. A meta é eleger, no mínimo, 40 prefeitos — afirma o deputado estadual bolsonaristas e candidato a prefeito em Barra do Piraí, no Sul do estado, Anderson Moraes. — Mesmo com a saída do Flávio, o PL ainda mantém bons quadros com chances reais de vitória — avalia.
O veto ao senador Flávio por Bolsonaro abriu a bolsa de apostas sobre outros possíveis nomes da direita em 2024 no Rio. Entre os cotados, além de Pazuello, estão o senador Carlos Portinho (PL), o deputado federal Otoni de Paula (MDB) e o secretário estadual de Saúde do Rio, Dr. Luizinho (PP).
Também são citados o candidato a vice-presidente derrotado na chapa de Bolsonaro e ex-ministro, Braga Netto (PL), e o deputado estadual Alan Lopes (PL), eleito como a bandeira da preservação dos valores conservadores e da família tradicional.
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