Bolsonaro: O ex-presidente, no entanto, negou que o encontro tenha sido para articular um plano golpista (Leandro Fonseca/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 13 de julho de 2023 às 07h29.
Última atualização em 13 de julho de 2023 às 07h30.
Em depoimento à Polícia Federal, na tarde desta quarta-feira, 12, Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter participado de uma reunião com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e com o ex-deputado federal Daniel Silveira. O ex-presidente, no entanto, negou que o encontro tenha sido para articular um plano golpista que incluísse a discussão sobre a estratégia para gravar o ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Marcos do Val é investigado pelos crimes de divulgação de documentos sigilosos; tentativa, com emprego de violência ou grave ameaça, de abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais; tentativa de golpe de estado; e ainda por eventualmente integrar uma organização criminosa.
No início de fevereiro, Moraes determinou a abertura de um novo inquérito contra o senador acerca das entrevistas que concedeu a respeito de uma suposta articulação de um golpe de estado, contra a posse do presidente eleito Luis Inácio Lula. A orquestração, segundo ele, contaria com a participação de Silveira e Bolsonaro. Na ocasião, Do Val denunciou que teria participado de uma reunião com ambos em que ele teria dito, inclusive, que colocaria equipamentos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para gravar conversas com o ministro.
Em abril, a Polícia Federal chegou a pedir a prisão do senador, em razão de uma tentativa de obstrução do inquérito que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Seguindo parecer contrário da Procuradoria-Geral da República (PGR), Moraes, indeferiu a prisão, mas determinou busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar. Os mandados foram cumpridos no mês passado.
Aos investigadores, Jair Bolsonaro confirmou ter recebido, no Palácio da Alvorada, Marcos do Val e Daniel Silveira. O encontro ocorrido em dezembro do ano passado teria durado cerca de 20 minutos. Ele disse também que, como chefe do executivo federal, recebia “a todos que solicitassem uma audiência”.
Também à PF, Bolsonaro destacou que aquele era a primeira e única reunião presencial realizada com Do Val, com quem não mantinha intimidade. Aos jornalistas, apesar de uma mensagem no celular do senador mostrar que após o encontro que ele o enviou uma lista de aliados que estariam respondendo a ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente disse que o texto fazia parte de uma lista de transmissão do aplicativo WhatsApp.
No depoimento, Bolsonaro disse que, durante a reunião, não foi levantada possibilidade de participação de militares nem de integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em qualquer ato antidemocrático. Ele destacou que no encontro não foi discutido “nenhum plano, nenhum ato preparatório”.
À Polícia Federal, Bolsonaro também nenhum qualquer articulação ou debate de estratégia para gravar o ministro Alexandre de Moraes, não tendo sequer citado seu nome durante o encontro. O ex-presidente destacou que “permaneceu dentro das quatro linhas do texto da Constituição Federal”.
Sobre o print de uma mensagem de Marcos do Val a Alexandre de Moraes que lhe foi encaminhada pelo senador, Jair Bolsonaro disse acreditar que ele tenha o feito a fim de “mitigar desgaste político”, por conta de declarações contraditórias sobre o assunto que prestou.