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Entenda a disputa no União Brasil e possíveis consequências ao ministério de Lula

Briga no partido teve novo capítulo na noite desta segunda-feira, com filiação de Waguinho ao Republicanos e pedido à Justiça Eleitoral para debandada de deputados

Daniela do Waguinho: A queda de braço ocorre entre o presidente do partido, Luciano Bivar, e seis deputados federais do Rio de Janeiro (Ministério do Turismo/Divulgação)

Daniela do Waguinho: A queda de braço ocorre entre o presidente do partido, Luciano Bivar, e seis deputados federais do Rio de Janeiro (Ministério do Turismo/Divulgação)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 11 de abril de 2023 às 15h34.

A semana em Brasília começou animada nos corredores do Congresso com uma crise interna no União Brasil, que pode resultar em uma mudança no primeiro escalão do governo Lula. A queda de braço ocorre entre o presidente do partido, Luciano Bivar, e seis deputados federais do Rio de Janeiro, e envolve nomes conhecidos da política fluminense como a atual ministra do Turismo, Daniela Carneiro, seu marido, Waguinho, e até o governador do estado, Claudio Castro (PL).

Disputa presidencial

O racha no partido começou ainda do segundo turno das eleições de 2022, com a briga entre Waguinho, então presidente do diretório fluminense, e o seu ex-aliado, Marcio Canella, que foi o deputado estadual mais votado no Rio de Janeiro. Os dois, que se apresentavam como irmãos tamanha a relação de amizade, estiveram em lados opostos na campanha presidencial, quando Waguinho declarou apoio à campanha de Lula e Canella pediu votos para o ex-presidente Jair Bolsonaro. </p>

Vice de Castro

A indicação do novo vice na chapa de reeleição de Castro, após Washington Reis ter sua candidatura impugnada, também foi mais um ponto de discórdia. Canella demonstrou força ao ajudar na aprovação de Thiago Pampolha, enquanto Waguinho não gostou de ter sido excluído nas negociações, o que levou a uma primeira divisão da sigla no estado.

Presidência da Alerj

A briga refletiu na disputa pela presidência da Alerj, quando mais uma vez em lados opostos, Canella era entusiasta da pré-candidatura de Jair Bittencourt (PL), que depois não se confirmou. Já o grupo ligado a Waguinho manteve o acordo de apoiar Rodrigo Bacellar (PL), que acabou eleito em chapa única.

Outro nome

Após o distanciamento, Canella, que pretende disputar a prefeitura de Belford Roxo na próxima eleição mesmo sem o apoio do atual ocupante do cargo, Waguinho, se aproximou de Antonio Rueda, vice-presidente nacional do partido. Rueda é apontado como o responsável por iniciar um movimento para retirar Waguinho da direção estadual do União e filiar o deputado estadual Rodrigo Bacellar, que assumiria o cargo.

Cargos e ameaças

Parlamentares também afirmam que Rueda é o intermediário das negociações com o governador Cláudio Castro para preencher cargos no Rioprevidência e no Detran, sem consultá-los sobre as indicações. A temperatura subiu ao ponto que aliados de Rueda relataram ameaças de agressão por parte de pessoas próximas aos parlamentares. Waguinho chegou a levar as reclamações a Bivar, que reagiu cortando o acesso do presidente estadual da legenda ao sistema que permite movimentar o fundo partidário. O movimento teria sido a gota d'água para a debandada da legenda no Rio.

Waguinho no Republicanos

A disputa ganhou um novo capítulo na noite desta segunda-feira, com a filiação de Waguinho, antigo presidente do diretório do Rio e marido de Daniela Carneiro, ministra do Turismo, ao Republicanos. O Republicanos se classifica como independente, mas tem se aproximado do governo e negociado cargos.

Debandada no União

A debandada promete não ser a única baixa, já que a própria deputada federal licenciada e outros cinco parlamentares do União na Câmara - Chiquinho Brazão, Juninho do Pneu, Marcos Soares, Ricardo Abrão e Dani Cunha - entraram com um pedido na Justiça Eleitoral pedindo para se desfiliarem sem correr risco da perda do mandato. Os deputados querem "justa causa" para a desfiliação, sob o argumento de "assédio" por parte da direção nacional.</p>

Ministério do Turismo

Waguinho afirmou que a sua mulher o seguirá no seu novo partido, o Republicanos, caso tenha aval da Justiça. Para ele, mesmo que a indicação de Daniela ao governo tenha sido da sua antiga legenda, a ministra deve ser mantida no cargo porque tem "a confiança" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Reação de Bivar

Mas o presidente nacional do União promete não dar vida fácil ao casal e, em entrevista ao GLOBO, já deixou claro que o partido não aceitará perder o comando do Ministério do Turismo. Bivar afirmou que a pasta pertence à cota da sigla, e não à atual ocupante do cargo, Daniela Carneiro. O partido recebeu três ministérios dentro do governo Lula.

"Ninguém se desfilia de um partido sem obedecer à legislação da fidelidade partidária. A Executiva nacional investiu mais de R$ 60 milhões para eleger deputados no Rio. Mandato parlamentar não é uma coisa banal. Ainda não recebi qualquer notificação judicial sobre essas saídas, apenas uma carta de insatisfação. Mas ninguém tem livre trânsito partidário por simples desagrado com qualquer tema. Sobre a Daniela, é importante lembrar que a indicação dela no ministério é do União", frisou.

Outros estados

As insatisfações com a cúpula do União não se restringem à ala fluminense do partido. Fruto da fusão do PSL com o DEM, formalizada no ano passado, a sigla que surgiu como maior potência de direita no país acumula desavenças entre os dois grupos políticos.

Em Pernambuco, por exemplo, Bivar, que é fundador do PSL, trava uma disputa com o deputado federal Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e um dos principais nomes do antigo DEM. Na terça-feira passada, Mendonça se lançou na disputa para presidir o diretório estadual do União, mas perdeu para o indicado de Bivar, Marcos Amaral.

O resultado da eleição interna, contudo, foi anulado pela Justiça após provocação do grupo de Mendonça. Entre as alegações está uma acusação de fraude com a inscrição de diretórios municipais irregulares na disputa.

As rusgas entre Bivar e Mendonça Filho, porém, são anteriores à disputa pelo comando regional. Ainda durante a campanha eleitoral de 2022, Mendonça Filho acusou o presidente da sigla de atrasar transferências de recursos para sua candidatura. Ambos disputavam a eleição de deputado e, posteriormente, foram eleitos.

As divergências entre alas oriundas dos antigos DEM e PSL persistem em outros estados, como em São Paulo, onde os grupos do vereador Milton Leite e de Rueda disputam o controle do diretório. Na Bahia, o ex-prefeito ACM Neto é um dos principais opositores à atual cúpula da legenda.

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