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"Engenharia" dos juízes e caso Marielle esquentam debate do Rio de Janeiro

Paes classificou a prática descrita em vídeo com Witzel de "maracutaia"; rival disse que ela está prevista em lei e representa economia para o país

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes fala à imprensa (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes fala à imprensa (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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Clara Cerioni

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 16h56.

Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 18h16.

São Paulo – A gratificação de juízes foi um dos temas que esquentaram o debate para o governo do Rio de Janeiro realizado pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (17).

Eduardo Paes, que concorre pelo DEM e está com 32% de intenções de voto de acordo com o Paraná Pesquisas, confrontou o adversário Wilson Witzel (PSC), que está com 67%, para que explicasse a "engenharia" descrita um vídeo antigo em que ele fala para uma plateia de juízes.

O vídeo em questão foi publicado na coluna do Lauro Jardim do jornal O Globo, no último sábado (13) e mostra Witzel explicando a forma de incorporar uma gratificação ao salário para aumentar os ganhos em R$ 4 mil.

"Na Justiça Federal, praticamente todos os juízes recebem. A gratificação de acúmulo, que é de quatro mil reais. Eu recebo, expulsei o juiz substituto da minha Vara, disse “Ô, negão, ou você vai viajar lá pra ficar um ano fora, ou eu vou te expulsar da Vara”. (Risos) Brincadeira, adoro meu juiz substituto. Mas, se ele ficar, eu não recebo. Aí a gente fez uma engenharia... Todo mês, 15 dias por mês, o juiz substituto sai da Vara. É uma reclamação grande, porque o juiz substituto também acha que o titular também tem que sair. Virou uma guerra essa gratificação de acúmulo, e são R$ 4 mil", diz Witzel no vídeo.

Witzel disse que a prática está prevista na lei que rege a magistratura brasileira e que representa uma economia para o país.

“Ao invés do estado pagar um juiz titular R$ 29 mil em uma Vara que está com uma vaga de substituto, ele paga R$ 4 mil e ele acumula função de outra Vara”, disse o candidato.

Paes chamou de “maracutaia” a prática feita por Witzel. “Pode estar previsto em lei, mas para mim é imoral. Mas, o que esperar de uma pessoa que tem casa própria e mesmo assim recebe auxílio moradia e deixou de pagar o IPTU de sua propriedade. Sempre teve um salário acima do teto e diz, agora, que quer acabar com privilégios”, afirmou o ex-prefeito do Rio.

Witzel retrucou e disse que “não tem folha de antecedentes criminais e sim currículo. Não se preocupe com os meus problemas, eles estão sendo resolvidos. Você deve se preocupar com a liminar que pode ser julgada pelo TSE e te deixar inelegível. O eleitor precisa saber que você pode até não disputar o segundo turno”, afirmou.

Paes foi condenado pelo TRE por abuso de poder e improbidade administrativa quando era prefeito do Rio de Janeiro. Ele conseguiu uma liminar para concorrer ao governo do estado.

Segurança pública

Segurança pública foi um dos assuntos mais abordados pelos candidatos ao governo do estado, que está sob intervenção federal na área.

Witzel foi questionado por declarações, durante a campanha e em outras sabatinas, de que “bandido com fuzil a polícia vai abater”.

“O assunto é mais amplo do que o enfrentamento. É a pior solução, mas às vezes é inevitável. O que vamos fazer é uma parceira mais forte com a Polícia Federal para que a Polícia Civil trabalhe de forma mais efetiva. Além disso, em nosso projeto está a PPP (Parceria Público-Privada) na vigilância eletrônica, inclusive com reconhecimento facial e a contratação de três mil novos policiais”, afirmou o candidato.

Ele acrescentou que tem o projeto ‘Cidade comunidade” que prevê abrir ruas em favelas e assim dar condição para a polícia e serviços públicos subirem o morro.

O clima voltou a esquentar quando Paes perguntou sobre a participação de Witzel no evento de campanha com candidatos a deputados, que rasgaram uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco em abril deste ano.

“Você esteve em uma manifestação em que se enalteceu os assassinos de Marielle. Há vídeos mostrando a sua participação”, disse Paes. Witzel disse que desconhecia que os outros participantes poderiam fazer o que fizeram:

“Não tinha conhecimento de que a placa estaria lá. Eu sempre defendi e fiz inúmeros trabalhos para os direitos humanos. Não podemos tolerar a violência e os responsáveis pelo assassinato de Marielle devem ser punidos.”

Paes retrucou e disse que ele não parecia desconhecer o que estava acontecendo na ocasião. “Não demostrou a surpresa diante de tudo aquilo. As pessoas viram como você vibra junto com os outros que rasgaram a placa. Está nos vídeos publicados.”

Finanças

Outro assunto bastante debatido foi as finanças do estado, que também precisaram de ajuda federal. Paes voltou a dizer que vai usar a “lupa” para aumentar a arrecadação, mas sem aumentar os impostos.

“Não dá para reduzir muito o custeio. Vamos fazer uma avaliação criteriosa nos dados da dívida ativa. Além disso, vamos negociar com a União a dívida do estado”, ressaltou Paes, que sempre usa a sua experiência à frente da prefeitura da capital fluminense para afirmar que “sabe fazer”.

Já Witzel disse que quer atrair os investimentos aumentando o tempo de concessão de serviços públicos ou de futuras licitações. “A nossa proposta é dar segurança jurídica para o investidor e dar a ele mais tempo. As concessões podem ser de 50 a 100 anos. Outra proposta, é alongar a dívida do estado com a União. É um modelo que podemos fazer”, afirmou.

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