Na noite deste sábado, 2, moradores do bairro Água Mineral interditaram a Avenida Duque de Caxias em protesto (TV Clube/Reprodução)
Marília Almeida
Publicado em 3 de janeiro de 2021 às 16h35.
Última atualização em 4 de janeiro de 2021 às 12h09.
A concessionária de energia elétrica em Teresina, a Equatorial Piauí, informou neste domingo, 3, que restabeleceu o fornecimento de energia em 98% das áreas afetadas por um apagão que deixou parte da cidade sem o serviço desde a noite de 31 de dezembro. O apagão ocorreu após a capital do estado ser atingida por chuvas, ventos fortes e raios.
“Realizamos uma força tarefa que contribuiu para o avanço no atendimento. 98% da energia já foi restabelecida. Há 82 equipes de atendimento emergencial empenhadas na recuperação da rede elétrica, trabalhando em tempo integral desde o início das ocorrências”, destacou a empresa nas redes sociais.
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Na zona Norte da capital piauiense, alguns bairros ainda estão com o serviço interrompido. Em Santa Clara e Itaperu, mais de 300 clientes estão sem o fornecimento restabelecido. No entanto, segundo a distribuidora, equipes de manutenção já estão trabalhando nos locais.
Na noite do dia 31 a chuva com ventania provocou a queda de quase 300 árvores na capital do Piauí.
Na noite deste sábado, 2, alguns moradores do bairro Água Mineral interditaram a Avenida Duque de Caxias em protesto contra a demora na volta da energia. Na manhã deste domingo, 3, a via estava liberada, mas outras ruas foram interditadas. A Polícia Militar foi chamada e atendeu sete ocorrências no sábado, mas ninguém foi detido.
Ainda neste domingo, começou a circular em grupos de Whatsapp um convite para um protesto em frente à distribuidora de energia do Piauí, a Equatorial, na próxima sexta-feira, 8, contra os serviços prestados pela empresa.
A jornalista Márcia Cristina, moradora do conjunto União, próximo à avenida que foi interditada, gravou um vídeo na tarde de sábado mostrando a situação em sua casa, quando a energia ainda não havia retornado.
"O ar condicionado e a TV não funcionam. A energia ou falta 100% ou fica oscilando. Congelador, geladeira e demais eletrodomésticos não funcionam. E comecei a jogar alimento fora. Extrema falta de respeito com o consumidor", afirmou a jornalista, que passou o réveillon no escuro, prejudicando a ceia que fez em casa para receber os amigos.
A professora universitária Juliana Paz, moradora do bairro Aeroporto, ficou sem energia total durante 24 horas, mas até o meio-dia deste domingo a energia ainda não estava totalmente restabelecida. "Só voltou uma fase. O ar condicionado não está funcionando. Só não queimaram os demais eletrodomésticos porque desliguei na hora da chuva", disse. Ela reclamou que sempre que chove falta energia, mas que dessa fez foi pior.
"A Equatorial precisa aumentar seu contingente para essas situações imprevistas, como chuvas. Teresina é uma cidade que cresceu muito. Os carros da Equatorial que existem atendem às necessidades de todos os bairros da cidade? Tenho certeza que não", reclamou a professora.
A empresária Lia Nery não abriu sua empresa no sábado, 2, como previsto, pois somente na tarde de ontem é que a energia foi restabelecida. "Vários clientes nos mandaram mensagem, mas não conseguimos atender", lamentou.
A empresa justifica que a demora no restabelecimento da energia ocorre porque os trabalhos de recuperação têm alta complexidade e tempo de recomposição maior. "Diferentemente do atendimento emergencial em condições típicas, nesta situação há a necessidade de reconstrução da infraestrutura de redes que foram destruídas pelo evento climático registrado", completa a nota.
A falta de energia em Teresina quando chove é bastante comum há vários anos. No segundo semestre de 2018, quando a Equatorial assumiu o serviço no Piauí, em substituição à Eletrobras (estatal do governo federal), a nova empresa prometera melhorar a qualidade dos serviços.
Procurada, a Equatorial afirmou também que, desde que chegou ao Piauí, em outubro de 2018, tem investido na melhoria da qualidade da energia. Em abril de 2020, a Equatorial conseguiu um financiamento de R$ 643 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O investimento será usado melhorar os serviços da empresa.