Enem 2022: Os gabaritos das provas objetivas serão disponibilizados às 18h de quarta-feira (23) no portal do Inep (Rafael Henrique/SOPA Images/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 21 de novembro de 2022 às 12h59.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registrou um índice de 32,4% de abstenção, uma das maiores taxas de faltosos desconsiderando o Enem 2020, realizado durante a pandemia, quando 55,3% dos inscritos não participaram.
Em relação ao número de presentes, dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que realiza o exame, mostram que apenas 2.351.513 estudantes compareceram à prova, cerca de um terço dos 3.476.226 inscritos. Considerando as edições a partir de 2005, o número só não é menor do que o verificado no ano passado, quando apenas 2,2 milhões fizeram o exame.
Durante coletiva de imprensa, o ministro da Educação, Victor Godoy, minimizou os dados e afirmou que a Controladoria-geral da União investiga a ocorrência de supostos dados inflados em edições passadas. Godoy não deu detalhes sobre a apuração que, segundo ele, está sob sigilo.
A queda no número de participantes do Enem é uma das preocupações do grupo da transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. A visão é de que o governo de Jair Bolsonaro esvaziou o exame.
– Tivemos um período de pandemia e esse período certamente trouxe desafios para o Enem para toda educação brasileira e isso tem efeito na redução do número de inscritos. Formam-se 2 milhões no ensino médio, segundo Censo de 2021, e tivemos 3,4 mil inscritos e 2,4 participantes efetivos. O número de participantes supera o número de estudantes que finalizam o ensino médio – justificou o ministro da Educação, Victor Godoy.
De acordo com ele, a queda no número de participantes não foi decorrente da atuação do instituto. Durante o governo de Jair Bolsonaro o Inep viveu sua maior crise institucional desde sua criação. No ano passado, às vésperas do Enem, quase 40 servidores pediram exoneração de seus cargos de coordenação com denúncias ao ex-presidente do órgão Danilo Dupas. Durante a coletiva de imprensa, o ministro da educação fez uma "menção elogiosa" a Dupas.
– O nosso trabalho é disponibilizar o Enem para todos que têm interesse e a procura é feita dependendo de cada momento de cada estudante. O exame está disponível e nós sempre incentivamos pessoas que têm interesse de acessar o ensino superior, que façam o exame. Não vejo isso como uma questão decorrente da atuação do Inep, que fez um trabalho brilhante inclusive durante o período de pandemia – disse.
Principal porta de entrada do ensino superior, o Enem passou por percalços nas três primeiras edições feitas sob o governo de Jair Bolsonaro. Neste ano, com o servidor de carreira o Inep Carlos Moreno no comando do instituto, a prova ocorreu sem falhas.
Segundo o Inep, 5.126 participantes foram eliminados das provas por desrespeitarem as regras do exame, ou seja, por portarem equipamentos eletrônicos, não atenderem às orientações dos fiscais, utilizarem materiais impressos ou ausentarem-se do local de prova antes do horário permitido.
A autarquia registrou que, durante a realização do exame, pelo menos 193 estudantes foram afetados por problemas logísticos como emergências médicas durante a realização das provas, interrupção temporária de energia elétrica e problemas com abastecimento de água. Desses, 162 estavam fazendo o Enem impresso e 31, o digital.
Em relação aos estudantes afetados por conflitos e operações policiais como os que ocorreram neste final de semana no Rio de Janeiro, em Manguinhos e Jacarezinho, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o ministro da Educação, Victor Godoy, disse que os casos serão analisados. Pelas redes sociais, ontem (20), estudantes moradores desses locais relataram que, por conta de tiroteios, não conseguiram comparecer às provas.
"Ainda não chegou [ao Inep], mas se chegar vamos avaliar. Se os estudantes não tiverem culpa e, por decorrência de alguma atuação do estado, certamente faremos todo o possível para que não sejam prejudicados e sejam encaminhados para a reaplicação", informou.
O Enem digital registrou o maior número de ausências. Mais da metade dos estudantes inscritos nessa modalidade não compareceram ao exame. De acordo com Godoy, isso mostra que o Enem digital "ainda não pegou".
"O Brasil é muito extenso, com muitos locais de aplicação de prova, e esse modelo de levar computado para a sala de aula, para o aluno fazer a prova com o computador, não é muito escalável. Tem que achar um modelo que seja escalável, que tenha atratividade e que mantenha a segurança do exame", defendeu o ministro.
Segundo o presidente substituto do Inep, Carlos Moreno, a autarquia está desenvolvendo as matrizes do Enem 2024, que deverá ser adaptado do novo ensino médio. "Isso será aplicado em 2024, mas ainda este ano queremos divulgar e publicar o cronograma do Enem do próximo ano, de 2023, para que as pessoas possam se programar com antecedência", disse.
O Inep divulgou também o cronograma das próximas etapas do Enem. Os gabaritos das provas objetivas serão disponibilizados às 18h de quarta-feira (23) no portal do Inep. Os resultados finais serão divulgados no dia 13 de fevereiro de 2023 na Página do Participante.
O espelho da redação, com os detalhes das correções, será divulgado apenas em abril, junto com as notas dos participantes treineiros, ou seja, daqueles que ainda não concluíram o ensino médio e fizeram o exame apenas para testar os conhecimentos. O tema deste ano foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil".
Após a divulgação dos resultados do Enem serão abertas as inscrições para os processos seletivos que utilizam a avaliação como forma de ingresso no ensino superior, em data ainda a ser divulgada.
O Enem seleciona estudantes para vagas do ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para bolsas em instituições privadas, pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), e serve de parâmetro para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados também podem ser usados para ingressar em instituições de ensino portuguesas que têm convênio com o Inep.
(Com Agência Brasil e O Globo)
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