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Empresas e partidos se preparam contra "fake news" nas eleições

Grupos já se movimentam para tentar minimizar um problema que pode contaminar a disputa política de modo irreversível

Internet: pesquisas indicam que as fake news já ocorreram no Brasil em 2014 e pode voltar ainda mais forte no próximo ano (Brian A. Jackson/Thinkstock/Thinkstock)

Internet: pesquisas indicam que as fake news já ocorreram no Brasil em 2014 e pode voltar ainda mais forte no próximo ano (Brian A. Jackson/Thinkstock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 21 de dezembro de 2017 às 12h43.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2018 às 12h21.

São Paulo - Preocupados que as eleições de 2018 sejam marcadas por uma avalanche das chamadas fake news, empresas de internet e partidos começaram a se movimentar para tentar minimizar um problema que pode contaminar a disputa política de modo irreversível.

Pesquisas indicam que o problema --que ganhou destaque após alegações de interferência russa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016-- já ocorreu no Brasil em 2014 e pode voltar ainda mais forte no próximo ano.

"Acho que vai ter uma tsunami de robôs. Vai ter muita campanha maliciosa, fake news, não tenho dúvida", disse Marco Aurelio Ruediger, diretor de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que publicou um estudo sobre o tema.

Nas eleições gerais de 2014, robôs programados para reproduzir notícias falsas ou se passarem por seres humanos chegaram a corresponder a 10 por cento do debate político brasileiro no Twitter, segundo o estudo de Ruediger, "Robôs, Redes Sociais e Política no Brasil".

Em meio a crescentes pressões de governos como o dos EUA e da União Europeia, e a críticas de ativistas, empresas têm criado estratégias globais para combater este tipo de conteúdo em suas plataformas, que se reproduzem também no Brasil.Em abril, o Facebook lançou uma campanha em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie para orientar os usuários a se protegerem de fake news.

Segundo o Facebook, dicas sobre como identificar uma notícia falsa foram expostas no feed de notícias dos brasileiros por alguns dias, em um esforço de conscientização.A companhia informou também que está adotando medidas para reduzir a disseminação de conteúdos falsos em sua plataforma.

"No Facebook, estamos trabalhando em várias frentes para combater a desinformação na internet e fora dela. Uma de nossas ações foi atualizar nossos sistemas para identificar sites vinculados a páginas na plataforma com pouco conteúdo e um grande número de anúncios mal-intencionados, para reduzir a distribuição desses posts", disse um porta-voz do Facebook.

Uma fonte com conhecimento do assunto disse à Reuters que o Facebook está analisando a possibilidade de retomar no ano que vem as campanhas educativas de alerta aos usuários, com objetivo de evitar a desinformação.

Já o WhatsApp, que pertence ao Facebook e foi amplamente utilizado na campanha de 2014, usa criptografia em suas mensagens, inviabilizando que o aplicativo tenha acesso às conversas.

Essa característica chegou a levar o WhatsApp a ser temporariamente suspenso no Brasil por ordem judicial, quando disse não ser capaz de acessar mensagens envolvidas em investigações policiais.

Questionado pela Reuters, o WhatsApp informou que "os usuários podem receber dicas e conselhos sobre como se manter seguros" em seu site.

O Twitter, frequentemente utilizado para medir em tempo real o impacto de eventos políticos como debates na televisão, informou que seu "trabalho para lutar contra a desinformação vai além de qualquer eleição, evento ou período específico", e que usuários que transgredirem as regras da plataforma poderão ter suas contas bloqueadas temporariamente ou suspensas.

A companhia não citou iniciativas específicas, mas em sua página de regras, a criação de perfis falsos --uma das táticas utilizadas para a disseminação de fake news-- se enquadra como uma das práticas proibidas.

O Google Brasil não quis comentar o assunto.

Governo e partidos

Já partidos como a Rede, que tem a ex-senadora Marina Silva como pré-candidata à Presidência, acreditam que a melhor forma para combater o conteúdo falso --problema do qual reclamam ter sido vítimas em 2014-- é o fornecimento de informações verdadeiras aos eleitores, contando também com o apoio da imprensa.

"Estamos trabalhando em estratégias de combate às notícias falsas por meio de engajamento de pessoas e enraizamento na sociedade e estudos de tecnologia. Temos dialogado com a sociedade civil e... sensibilizado a imprensa para o papel fundamental que tem nesse combate à desinformação", disse o porta-voz da Rede, José Gustavo Favaro Barbosa Silva.

Para o presidente nacional do Democratas, senador José Agripino (RN), o assunto deve ser combatido, porém não deve pautar o debate político, uma vez que se tratam de inverdades."Fake news é fraude, passível de processo, tem que ser coibida à altura", disse Agripino à Reuters.

"Cabe a nós nos defendermos, denunciarmos. Mas adotar como norma a existência do fake news eu acho que não é o caso ainda. Se você for basear o debate político tendo como norma a notícia inverídica, a política desapareceu e não é o caso disso", acrescentou.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não definiu nenhuma diretriz específica sobre o tema, mas na última segunda-feira, após a divulgação de resoluções que orientarão as eleições em 2018, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, disse que a Corte precisa ter uma "atitude de prevenção" em relação ao assunto.

Procurados pela Reuters, PMDB, PSDB e representantes do pré-candidato Jair Bolsonaro não quiseram comentar. Representantes do PT não responderam a pedidos de comentário.

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