Brasil

Empresas e gestão Doria divergem sobre Parque Augusta

A prefeitura e as construtoras Setin e Cyrela divergiram sobre os valores dos terrenos envolvidos nas negociações para criar o parque, no centro de SP

TERRENO DO PARQUE AUGUSTA: prefeitura negocia permuta de terreno com construtoras para manter parque no centro de São Paulo  / Danilo Verpa/ Folhapress (Danilo Verpa/Folha de S.Paulo)

TERRENO DO PARQUE AUGUSTA: prefeitura negocia permuta de terreno com construtoras para manter parque no centro de São Paulo / Danilo Verpa/ Folhapress (Danilo Verpa/Folha de S.Paulo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de novembro de 2017 às 09h06.

São Paulo - A Prefeitura de São Paulo e as construtoras Setin e Cyrela divergiram sobre os valores dos terrenos envolvidos nas negociações para criar o Parque Augusta, no centro. Na avaliação enviada à Justiça, as empresas apontaram valor R$ 44,5 milhões menor do que a Prefeitura para o terreno em Pinheiros, na zona oeste, oferecido como permuta pelo parque.

As empresas também apontaram custo maior do que o estimado pela Prefeitura para as contrapartidas exigidas para viabilizar o negócio. As negociações sobre a criação do parque só devem ser concluídas em 2018.

Em agosto, a gestão João Doria (PSDB) previu a assinatura do acordo até outubro e prometeu a inauguração do parque, reivindicação antiga da sociedade civil, no ano que vem.

Mas, três meses após o anúncio, ainda falta acertar com as empresas e o aval da Justiça. Costurado pelo Ministério Público Estadual (MPE), o acordo previa que Prefeitura e construtoras apresentassem cotações para os terrenos.

Segundo o laudo da Prefeitura, feito pela Bolsa de Imóveis do Rio, o terreno da Rua Augusta, com 41,7 mil m², vale R$ 137 milhões. E o terreno da Rua do Sumidouro, em Pinheiros, de 18 mil m², teve valor proposto de R$ 186 milhões - R$ 49 milhões a mais do que o da Augusta. O laudo é do dia 26 de setembro.

Já a avaliação das empresas, assinada pelo escritório de engenharia Octavio Galvão Neto, é diferente. Segundo esse documento, o terreno da Augusta custa R$ 139 milhões, em valores de junho.

Já o terreno da Sumidouro foi cotado em R$ 141,5 milhões. Tanto as empresas quanto a Prefeitura consideraram na avaliação da área de Pinheiros apenas a parte do terreno que seria transferida às empresas se a negociação seguir.

Os dois laudos tomam por base, além de valores de mercado, o projeto pretendido em cada área. A ideia original das construtoras era erguer, na Augusta, dois arranha-céus de uso misto (residencial e comercial), com área livre de acesso público.

Contrapartidas

O laudo da Prefeitura enviado à Justiça não apontou os valores das contrapartidas a serem exigidas pelo poder público às duas empresas. Já ciente de eventual diferença de preços, a gestão Doria havia previsto, em junho, quando as negociações foram anunciadas, que as empresas teriam de realizar uma série de serviços públicos para receber o terreno de Pinheiros.

Entre eles, estavam construção de creche, posto de saúde, centro de acolhida para moradores de rua, um novo prédio para a Prefeitura Regional de Pinheiros (que ocupa o terreno), além de arcar com a manutenção, por um ano, do novo parque e da Praça Roosevelt, vizinha à área e um boulevard ligando praça e parque. Ao anunciar o acordo em agosto, o prefeito havia estipulado um teto para essas ações: R$ 30 milhões.

As empresas, por outro lado, refizeram as contas para esses serviços, e chegaram a um valor de R$ 40,5 milhões, segundo o laudo anexado ao processo.

Decisão

Os dois estudos serão considerados pela juíza Maria Gabriella Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública da Capital, mas não são decisivos.

O MPE produz uma análise própria e a Justiça já nomeou perito para a análise final. Caso permaneçam as diferenças apontadas entre os estudos, a negociação ainda tem chance de prosperar, segundo envolvidos consultados pela reportagem. Uma das alternativas seria reduzir o tamanho da área em Pinheiros cedida às empresas, para equilibrar os preços. Outra ideia seria elevar o valor das contrapartidas.

Na semana passada, a juíza deu prazo de 50 dias para a Prefeitura apresentar custos estimados das contrapartidas e suspendeu, por ora, novas audiências. Questionada, a Prefeitura informa que a estimativa inicial, de R$ 30 milhões, foi feita na negociação, mas admite que os valores estão em aberto. Procuradas pela reportagem, as construtoras não comentaram.

O MPE também aguarda a Justiça. A premissa é de que o parque seja construído sem gasto público, mas também de forma a não trazer prejuízos. A ideia é a Prefeitura não perder dinheiro na troca.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:João Doria JúniorParques naturaissao-paulo

Mais de Brasil

Mauro Cid presta depoimento ao STF após operação e pedido de suspensão de delação

'Enem dos concursos' terá novo cronograma anunciado nesta quinta

Lula lança programa para renegociar contratos de estradas federais hoje sob administração privada

PT pede arquivamento de projeto de lei que anistia condenados pelo 8 de janeiro